A ESPIÃ QUE SABIA DE MENOS | EM DVD / BLU-RAY

Classificação:
Bom

67506-10O gênero da comédia realmente passou por mudanças ao longo dos anos. Saíram de cena os roteiros aventurescos como Esqueceram de Mim, mas logo foram ganhando destaque aqueles títulos recheados de muito besteirol. Liderados pela franquia American Pie, uma nova e excessiva fórmula logo chegou ao mercado hollywoodiano. Além deles, chegaram também aqueles que foram desenvolvidos em uma mistura do que estava acontecendo, mas que também utilizavam a sátira de filmes como parte da sua trama. Entretanto, sempre existem exceções, como por exemplo a franquia Uma Noite no Museu. Agora, utilizando uma mistura entre o antigo e o atual, chega ao mercado home vídeo A Espião Que Sabia De Menos.

Na trama, Susan Cooper (Melissa McCarthy) é uma despretensiosa analista de base da CIA, e heroína não reconhecida por trás de algumas das missões mais perigosas da Agência. Entretanto, quando algo inesperado acontece e o seu parceiro (Jude Law) sai da jogada, e as identidades de outros agentes ficam comprometidas, Susan acaba sendo voluntaria em uma missão de reconhecimento. A partir de então, mesmo que seguindo caminhos diferentes e desrespeitando ordens, ela acaba conseguindo se infiltrar no mundo de uma traficante de armas mortais na tentativa de evitar um desastre global. 

O mais interessante no título em questão é exatamente a forma com que sua narrativa é construída, já que ele poderia muito bem ser um projeto de espionagem grandioso por conta dos seus acontecimentos. Entretanto, Paul Feig sabe como desconstruir tal imagem em poucos minutos, seja usando um vocabulário recheado de palavrões ou até mesmo deixando as situações das cenas de ação ainda mais absurdas do que já são apresentadas no cinema. Obviamente, com isso também entram diversas outras questões que vão marcando presença ao longo do roteiro, que vai aos poucos evoluindo e chamando atenção por mesclar a sátira, perseguições e muitas piadas em seu contexto. Aqui, até a trilha sonora é uma brincadeira envolvendo 007, por exemplo.

E não para por aí. O cineasta ainda aproveita todo o contexto para inverter as situações. Se os espiões são galanteadores, os disfarces da espiã são sempre estereotipados, seja como mãe solteira ou dona de gatos. Além disso, ninguém lembra do seu nome. E mais, se James Bond tem suas bondgirls, Susan Cooper trabalha com agentes elegantes. Sendo assim, no meio das missões é sempre possível ver Jason Statham interpretando Rick Ford, um dos nomes comprometidos da CIA, mas que está sempre quebrando as regras e criando confusões quando tudo parece estar no caminho certo.

Obviamente, superando tudo isso, Cooper segue com sua missão para salvar o mundo de uma perigosa ogiva, mas também vingar o seu parceiro e amor não correspondido Bradley Fine. Enquanto isso, acaba tendo que se infiltrar e conviver com a vilã Rayna Boyanov. Por sinal, tal caminho acaba criando uma grande interação entre as atrizes McCarthy com Rose Byrne, sendo este um dos pontos da produção que chama atenção por conta dos perfis diferentes das personagens. Uma é desbocada ao extremo, enquanto a outra parece uma patricinha dos que seguiu o caminho dos bandidos por pura revolta e está acostumada a ter tudo o que quer.

Contudo, em um filme com tal abordagem, o único personagem realmente importante é o principal. E Paul Feig sabe muito bem disso desde o começo, tanto que apenas desconstrói e desenvolve um único nome na história, aplicando o seu roteiro como deve ser. Recheado de mistérios, mas totalmente envolvido com a comédia. E assim, mesmo que Melissa McCarthy volte a interpretar uma personagem tão parecida com tantas outras da sua carreira, isso não importa. A trama é o grande ponto alta, sendo que há qualquer momento algo totalmente bizarro pode acontecer e arrancar o sorriso do público. No fim de tudo, a mistura do besteirol com as comédias aventureas até funciona bem, transformando A Espiã Que Sabia De Menos em um interessante entretenimento que não tenta forçar risadas demais ou ser mais do que procura representar.

Amante de filmes, séries e games, criou o Jornada Geek em 2011. Em 2012 se formou em Jornalismo pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF), e a partir de então passou a fazer cursos com foco em uma especialização em SEO. Atualmente é responsável por desenvolver conteúdos diários para o site com focos em textos originais e notícias sobre as produções em andamento. Considera Sons of Anarchy algo inesquecível ao lado de 24 Horas, Vikings e The Big Bang Theory. Espera ansioso por qualquer filme de herói, conseguindo viver em um mundo em que você possa amar Marvel e DC ao mesmo tempo.