Call of Duty: Modern Warfare | A guerra moderna e seus caminhos

A série Call of Duty já é velha conhecida dos fãs de jogos de guerra. Sempre com uma história interessante (embora complexas e totalmente americanizadas), a franquia aposta muitas vezes em polêmicas como a inserção do fósforo branco na versão de Call of Duty: Modern Warfare, de 2007, ou quando o jogador toma o lugar de um terrorista em um aeroporto, matando centenas de vítimas em Call of Duty: Modern Warfare 2. E em Call of Duty: Modern Warfare, este de 2019, as coisas claramente não seriam diferentes. Dessa vez, a polêmica em torno do jogo remete a um episódio conhecido como a Autoestrada da Morte (Highway to Death, na imprensa de língua inglesa), evento ocorrido em 1991, durante a Primeira Guerra do Golfo, onde o exército americano ataca iraquianos. Aqui, o trágico momento em que milhares de civis e soldados são assassinados por americanos e forças de mais 31 países foi refeito, mas substituiu os ianques por militares russos que, diga-se de passagem, nem participaram desse conflito, dando início a mais uma confusão.

De certa maneira, parece que os desenvolvedores gostam desse tipo de conteúdo para fomentar diversas reações em jogadores e pessoas que nem necessariamente são ligadas ao mundo dos games. De qualquer forma, esse é só mais um dos aspectos a serem observados em mais uma crítica do Jornada Geek!

Além da polêmica

Pois bem, falemos da história de Call of Duty: Modern Warfare. Antes de mais nada, no jogo você joga de forma alternada com os soldados Kyle Garrick e Alex, ambos sob o comando de John Price, com a missão de resgatar um carregamento de armas químicas. Em alguns raros momentos, você também assumirá o controle de Farah Karim, líder dos soldados rebeldes do fictício Urziquistão e aliada dos ianques contra a invasão russa do seu país.

Como vocês puderam perceber logo no início da crítica, os criadores do jogo parecem mesmo gostar de uma treta. E dentro da história do jogo, você pode se preparar para ver muito mais. Mesmo tendo uma narrativa que costumeiramente coloca os americanos como heróis, dessa vez também é possível perceber que eles também cometem crimes de guerra. Não é novidade pra ninguém isso, mas o fato de ver que em um conflito não existem necessariamente mocinhos ou vilões é de suma importância para se compreender o mundo em que vivemos.

Call of Duty: Modern Warfare
John Price é o líder do time. (Foto: Divulgação)

Evitando ao máximo dar spoilers, o jogo tem uma narrativa interessante que vai e volta na linha do tempo, acessando eventos em diferentes momentos para explicar questões dos novos personagens que, vale ressaltar, estão muito bem feitos e representados, com uma atuação bastante interessante. Ainda no quesito atuação, não podemos deixar de esquecer a excelente dublagem em português, que dá toda uma aprimorada na emoção dos personagens e combates, onde o tempo todo você recebe informações dos companheiros de guerra.

Mas, como historiador e preocupado com os impactos que essa narrativa pode trazer aos jogadores menos informados, retorno ao que foi dito mais acima. Não existem mocinhos na geopolítica mundial e devemos levar o jogo como uma narrativa inventada, mesmo que faça citações a eventos reais. Portanto, agora me desprendendo da questão da realidade versus ficção, já que os exageros foram devidamente explicados, posso dizer que o jogo é bastante pesado e, de certa maneira fiel ao mostrar os horrores de guerras e sugiro que quem tenha interesse em saber, jogue, pois seria uma grande injustiça entregar detalhes da narrativa. Neste ponto, os desenvolvedores souberam muito bem criar e narrar a história do FPS, prendendo nossa atenção, mesmo com tanta polêmica que, em muitos dos casos, remetem ao que há de pior nos conflitos – o que é bom para evitar uma espécie de romantização da guerra.

Call of Duty: Modern Warfare
Se prepare para caminhar e lutar em ambientes extremamente hostis. (Foto: Divulgação)

Jogabilidade alucinante

Se tem outra coisa além das polêmicas que é marca registrada de Call of Duty: Modern Warfare, sem sombre de dúvidas é a jogabilidade. As trocas de tiros contra diversos inimigos é insana, fazendo com que a morte seja um risco iminente (mesmo que no modo normal a vida volte bem rapidamente). Alguns tiros ou uma granada bem lançada, algo que a inteligência artificial fez várias vezes comigo, e já era! Ainda sobre a IA, ela é bem esperta, embora sua dificuldade fique mais nítida nos níveis mais altos.

Ou seja, ao entrar em uma troca de tiros, evite se expor demais usando as coberturas. Também evite ser flanqueado, já que isso é muito possível de acontecer quando o ataque conta com diversos inimigos. Enfim, busque a melhor tática e tente sair vivo das missões tanto no Modo História quanto na “continuação” dele, no Modo Cooperativo. No Modo Multiplayer então, a jogabilidade é alucinante e para sobreviver é preciso ainda mais estratégia e uma excelente mira para sobreviver aos outros jogadores. Todos os três modos são muito bons, oferecendo dias de entretenimento. No caso da campanha, é possível concluí-la em cerca de sete ou oito horas, dependendo das suas habilidades.

Call of Duty: Modern Warfare
Invada lugares com sua equipe altamente treinada (e armada). (Foto: Divulgação)

Outro aspecto a ser ressaltado é a variedade de armas e novas ferramentas presentes nos três principais modos dessa versão. E essas novidades não extrapolam a realidade como alguns outros Call of Duty mesmo. Aqui, serão observados, por exemplo, durante a Campanha, drones já utilizados pelos exércitos, que auxiliarão por várias vezes nos ataques. Esse e outros instrumentos transformam um pouco a mecânica do jogo. Há também uma variação entre modo stealth, o uso mais constante de sniper e, em maior parte, os já consagrados tiroteios, marca registrada da série. Portanto, não espere monotonia neste jogo.

Realismo gráfico

Como foi possível perceber nos trailers, em Call of Duty: Modern Warfare o realismo gráfico foi muito bem feito, trazendo um dos melhores e mais belos jogos dessa geração. Há também a presença de atores para que os papéis sejam mais fiéis do que meros personagens criados, algo cada vez mais comum no processo de desenvolvimento dos jogos, com mecanismos como o escaneamento em 3D. No PC, o jogo conta com suporte ao Ray Tracing, recente tecnologia presente nas placas gráficas da NVIDIA, além do suporte ao formato 4K.

Call of Duty: Modern Warfare
Atentados, explosões e perseguições são só algumas das coisas que acontecem em Call of Duty: Modern Warfare. (Foto: Divulgação)

Veredito

No geral, Call of Duty: Modern Warfare pode ser considerado como um dos melhores FPS da geração, combinando excelente jogabilidade, gráficos extremamente realistas e uma narrativa interessante, mesmo com toda a polêmica que não deve ser deixada de lado. Uma reclamação constante sobre esse título é a ausência do já famoso Modo Zumbi que, ao meu ver, não é uma grande perda. Aliás, recentemente um usuário vazou no Reddit um possível novo Modo Battle Royale, que supostamente contaria com suporte a até 200 jogadores. Mas ainda são só rumores. De toda maneira, Call of Duty: Modern Warfare é um FPS completo e que certamente será bastante jogado em todos os seus modos. E caso a febre mundial do Modo Battle Royale seja realmente incluída pelos desenvolvedores, o jogo tenderá a crescer ainda mais (e eu sinceramente espero que seja realmente verdade).

Call of Duty: Modern Warfare | A guerra moderna e seus caminhos

reboot de Call of Duty: Modern Warfare foi lançado no dia 25 de outubro deste ano para PlayStation 4Xbox One e PC, via Battle.net. No metacritic, o título conta com uma média de 81 pontos na versão avaliada.

*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.