CAPITÃO AMÉRICA – O SOLDADO INVERNAL | EM DVD / BLU-RAY

Capitão América - O Soldado Invernal
Capitão América – O Soldado Invernal

Quando a Marvel encontrou o “caminho para o Eldorado” com as bem-sucedidas, em termos de bilheteria, franquias X-Men (2000, 03 e 06) e Homem-Aranha (2002, 04 e 07), acreditava-se que finalmente os super-heróis alcançaram o destaque merecido no cinema. Porém, Chris Nolan com o advento Batman Begins (05), da concorrente, mostrou que podia-se muito mais de universos tão carregados de mitologia e ação, inclusive um cinema mais “sério”. Aí veio Homem de Ferro (08), e pronto! Surgia ali o poder da Marvel no próprio reino dourado, com um filme que consolidou um arcabouço sistêmico infalível, que combina ação, efeitos especiais e atores de qualidade unidos por um único cordão umbilical que alimenta um roteiro hiperlink. É como se todos de lá para cá fossem um filme só, e nesse novo capítulo, Capitão América: O Soldado Invernal, o fator humanidade, do mais “humano” de seus heróis é trabalhado de uma forma necessária para equilibrar as ações do universo da casa das ideias no cinema.

Dois anos depois de encabeçar o grupo de super-heróis que salvaram o planeta Terra de uma invasão alienígena promovida por Loki (Tom Hiddlestone) em Os Vingadores (2012), Steve Rogers, passa seus dias entre missões de alto grau de periculosidade para a S.H.I.E.L.D ao lado de Natasha Romanoff, a Viúva Negra (Scarlett Johansson), e a busca para tentar se adaptar ao mundo de 70 anos de evolução em relação ao seu tempo. Porém, um misterioso e poderoso inimigo conhecido como Soldado Invernal atenta contra Nick Fury (Samuel L. Jackson), levando o Capitão América para o meio de uma grande conspiração em que terá que descobrir quem está realmente falando a verdade. Para isso, contará com a ajuda de sua parceira e de um novo aliado, o Falcão (Anthony Mackie).

A primeira impressão que temos de Capitão América: O Soldado Invernal  é de que se trata de um filme de ação comum, destes que pipocam aos montes com protagonistas brutamontes. Em um segundo momento avistamos um filme de super-herói comum, daqueles que rendem um stand-up do protagonista e suas proezas (tais como os filmes do Hulk). Mas, com menos tempo do que se imagina, o filme mostra a que veio. O roteiro escrito pela dupla Christopher Markus e Stephen McFeely, responsáveis pelo primeiro filme do Capitão (O Primeiro Vingador, 2011) e Thor 2 (2013), tem o grande êxito de equilibrar o universo Marvel, trazendo o fator “ser humano” em um ambiente atual e contextualizado. Rogers é  “apenas” um homem super forte, que não conta com armaduras ou martelos mágicos, tem a seu favor a inteligência e a seriedade para fazê-lo um líder incorruptível de uma reunião de poderosos.

É aí que entra a mão dos roteiristas. O Capitão América necessita de ajuda, em qualquer que seja a situação que encontre, de cunho profissional ou pessoal (a lista de coisas para se inteirar foi ótimo). Essa contraposição com outros ícones Marvel como Thor, Homem de Ferro e Hulk, que tem personalidades mais “anormais” e estão sempre envoltos em algo extraordinário é o fiel da balança. Tudo isso, é claro, se enxergarmos esse projeto da Marvel como ele o é: um grande filme hiperlinkado que vai sendo montado anos após ano, onde os protagonistas do espetáculo se revezam no comando das ações, e outros coadjuvantes são incluídos no meio do caminho. Esta condição de ser o filme humanizado não impede que tudo o que foi sistematizado em 2008 se fizesse presente. A ação está lá e na medida que não agride o espectador. O humor também se apresenta com o alivio para a tensão quase excessiva, mas não ao ponto de se sobressair. E o link, como já dito, que carrega em referências que deixam os fãs ainda mais aficionados.

A direção dos irmãos Joe e Anthony Russo não deixa de ser surpreendente. Com experiências em séries cômicas temia-se que não conseguissem ser sérios o suficiente, já que o humor se faz presente, e muito menos que saberiam lidar com a ação ser exagerar, devido a falta de experiência. Mas deram conta do recado, conduzindo cenas implacáveis à luz do dia (sim, a luz do sol pode ser um grande problema para a ação) e soturnas à noite, e mesmo que alguns dos acontecimentos pudessem ser até premeditados, não nos deixam avançar além do tempo. E mesmo que seus protagonistas sejam atores que tem um grande apelo de mídia, souberam manter os holofotes onde deveriam estar.

Se Capitão América: O Soldado Invernal é o melhor filme da Marvel, isso é de cunho particular analisar, mas que é o mais bem produzido, tanto no que diz respeito ao roteiro de transição quanto à qualidade impecável de seus atributos audiovisuais, isso não resta dúvidas. A composição harmônica entre o real e o sobrenatural, a inclusão de novos e bem-vindos personagens como o próprio Soldado Invernal e o Falcão só enriquecem ainda mais o Eldorado já conquistado pelo estúdio. Essa condição de o mais bem-sucedido realizador de filmes de heróis leva à inevitável pergunta: Onde podem chegar com tudo isso? Se depender de filmes como esse, além dos diversos anúncios que devem acontecer em breve, muito longe.

Classificação:
Excelente

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