O DESTINO DE JÚPITER | EM DVD / BLU-RAY

Classificação:
Regular
O-Destino de jupiter capa dvdQuando o público pode acompanhar o primeiro trailer de O Destino de Júpiter, o alvoroço tomou conta dos cinéfilos apaixonados por um bom filme de ação que dispõe de efeitos visuais de primeira. Porém, quando estreou, a impressão que se teve é que o novo trabalho dos irmãos Wachowski tinha duas linhas tênues: uma que pode ser considerada um dos melhores trabalhos em que os efeitos visuais foram empregados no cinema, e outro, que desperdiça todo o potencial visual com um roteiro frágil, confuso e previsível. É claro, cada um tem sua opinião e agora o filme chega ao mercado home vídeo em busca de expandir o seu público e diminuir a má impressão causada inicialmente.

A imigrante russa Júpiter Jones (Mila Kunis) cresceu acompanhando a mãe e a tia em seu trabalho como empregada doméstica nos Estados Unidos. Ela nunca se conformou com esse fato e por isso sempre afirma odiar sua vida. Porém, as coisas mudam quando ela é perseguida por seres estranham que pretendem matá-la. Ela é salva pelo ex-militar geneticamente modificado Caine (Channing Tatum), que quer levá-la em segurança para o espaço sideral, para que possa assumir o seu posto de Rainha de muitos planetas, entre eles, a Terra. Mas, para isso terá de enfrentar a ira de outros descendentes que a querem morta.

Sim, tudo é tão rocambolesco quanto parece. O filme começa do nada, sofre uma mudança brusca de ritmo e quando parece chegar ao topo, cair no marasmo para retomar uma ação genérica na parte final, sem emoções, sem desenvolvimento de conflitos, apenas um romance água-doce que não consegue emplacar, mesmo com o carisma dos protagonistas. Se muitos reclamaram de uma complexidade excessiva e presunção artística da dupla em A Viagem (2012), vão perceber que lá, a trama nem era ruim. Em O Destino Júpiter, o roteiro parece um rascunho de um game pobre, daqueles feitos para crianças, onde só se necessita juntar itens e não se preocupar com suas ações.

A linha narrativa que conduz a trama não segue um padrão lógico, já que às vezes somos direcionados à aventura, passamos pelo drama e somos pegos por um humor deslocado, sem graça, daqueles que não arranca sorriso nem do mais bobo alegre presente na sala. E nem dá para entrar no mérito da mitologia que tentou se criar, com humanos sendo “cultivados” (ora, já vimos isso!) e uma baboseira de impérios, poder e vida eterna. Se tivessem preparado um texto do nível maravilhoso que atingiram com o visual, seria um filme brilhante. A direção de arte, a fotografia e os efeitos visuais estão de tirar o fôlego.

Além disso, o que pode se salvar também são os protagonistas, que carregam grande simpatia. Tatum parece cada vez mais à vontade, apesar de seu personagem ser bem raso, e Mila Kunis que se segura na sua beleza e ganha pontos por não tentar forçar nada que o filme não mereça. Entretanto, quem decepciona é Eddie Redmayne. Sua atuação caricata, que beira ao patético, nem de longe lembra a brilhante atuação que lhe rendeu o Oscar de melhor ator por A Teoria de Tudo, onde viveu o físico Stephen Hawking. Claro que todo mundo pode derrapar, mas agora deve escolher melhor seus papéis já que a cobrança será maior.

O fato é que não foi dessa vez que os Irmão Wachowski conseguiram sequer se aproximarem do sucesso que obtiveram com a trilogia Matrix. Contudo, há uma óbvia evidência de que eles precisam apenas elaborar um roteiro mais coeso, firme, sem tentar fórmulas mirabolantes, para combinar com o conteúdo audiovisual que sempre está acima da média. Talvez um pouquinho menos de megalomania faria bem…