DRÁCULA – A HISTÓRIA NUNCA CONTADA | CRÍTICA

Drácula - A História Nunca Contada
Drácula – A História Nunca Contada

O fato de possuir as mais famosas criaturas do mundo das trevas sob seu domínio, desde os primórdios do cinema hollywoodiano, faz com que a Universal faça seus experimentos, com roteiros que tentam procurar um novo caminho e que capture novamente o público. Primeiro, com A Múmia (99) deu certo, com seu estilão Indiana Jones agradou muita gente e ganhou desnecessárias continuações. Já O Lobisomem (2010) reuniu um bom elenco, mas acabou como um grande fracasso, muito inferior aos mitológicos da década de 30, ainda encarnados por Leon Chaney jr. Agora foi a vez de Drácula tentar buscar um outro caminho, também com um estilão aventura, tentando mostrar algo anterior a tudo o que foi mostrado até hoje. Derrapa em um roteiro pobre, e que se escora no exagero das cenas de ação para tentar agradar o público.

O filme traz o príncipe Vlad Tepes (Luke Evans) que depois de ter sido raptado e criado entre os turcos, lidera a Transilvânia contra a maldade do povo otomano e passa a ser conhecido como “O Empalador”. Algum tempo depois, com o reino em paz, o sultão turco e meio-irmão de Vlad, Mehmed (Dominic Cooper), decide que o príncipe terá de lhe ceder cem garotos para fortalecer seu exército, inclusive seu filho. Ao ignorar o pedido, seu povo é ferozmente atacado pelo exército turco, que o leva a tomar uma difícil decisão: procurar o misterioso ser das Trevas (Charles Dance), para conseguir poder o suficiente para derrotar seus inimigos. Porém, essa opção pode ser um caminho sem volta.

É impressionante como o roteiro de Drácula: A história nunca contada se torna patético e constrangedor antes ainda da metade da exibição do longa. Ora, se a ideia era contar algo novo, que pudesse ser tomado como uma introdução da obra de Bram Stoker, por que então não se desfazer dos clichês e das colagem. Quem acompanha cinema consegue enxergar as mais variadas histórias que estão sendo plagiadas dentro da miscelânea degenerada criada pela mente pouco criativa da dupla Matt Sazama e Burk Sharpless. É como se fosse a história de Moisés, da bíblia e de Os Dez Mandamentos (1956), adicionado a algum romance água-doce sessão da tarde, com uma dose obscura de filmes de terror trash. Isso, é claro, com uma qualidade visual que os grandes estúdios podem oferecer.

Do meio para o fim, a tal história nunca contada se esfacela, já que ali já conseguimos visualizar que se trata da história do Drácula, ainda que esteja em meio a uma chuva de morcegos e apresente poderes paranormais curiosos, como o de controlar as condições climáticas. Essa merece destaque, pois se o Conde possuísse mesmo tal poder, para que diabos então se esconder do sol? Tudo bem. Contradições à parte, a questão da descaracterização do personagem também incomoda. O Drácula é para ser um servo das trevas, que por amor, decide seguir o caminho obscuro, o que não condiz com o que ele se transforma: um herói que sacrificou tudo pelos amados e que depois disso, viveu eternamente, apenas aguardando o retorno de sua mulher reencarnada, sendo bonzinho, que é que o final insinua.

Se era para ser uma “história não contada”, o fim deveria se conter à consumação de sua transformação, não em uma reconstrução do personagem já imortalizado. Mesmo a direção até aceitável do estreante Gary Shore, nas cenas de ação, não consegue parar de causar interrogações, impedindo a apreciação. No meio da escuridão quase incessante, dos morcegos em excesso, das espadas brandindo e de atores que apenas fazem número, fica apenas a sensação de que de maneira nenhuma aquilo ali irá terminar na transformação de um herói em um vilão. Um grande desperdício de tempo alheio e dinheiro, que o estúdio poderia ter investido em um outro projeto de risco.

Um mito merece respeito, talvez por isso mesmo deve ser mantido como um símbolo de tempos áureos em que o charme de Bela Lugosi e Christopher Lee cativavam multidões. Uma péssima tentativa de se recriar algo bem criado, um verdadeiro exercício de mau gosto, tal qual foi Frankenstein – Entre anjos e demônios (2013). Todavia, interessados em conhecer a história, muitas vezes contada, tem opções bem mais interessantes como o expressionista Nosferatu (1922) de F. W. Murnau, o bom Drácula de Bram Stoker (1993), de Francis Ford Coppola e até mesmo o meio louco A Sombra do Vampiro (2000).

Classificação:
Ruim

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