INFINITY DRAKE | LITERATURA

Infinite Drake
Infinite Drake

Para um grande vilão, nada como um herói à altura. Se o vilão é uma vespa cujo veneno é capaz de contaminar e matar quase toda a humanidade, nada como um menino de 12 anos com 9 milímetro de altura, que adora insetos e os coleciona com o tio desde a morte da mãe. Isso pode parecer um tanto tolo, mas não é.

Infinity Drake é o menino que dá nome ao livro de John McNally, uma aposta eletrizante do selo #irado. Quando a avó sai para uma cruzeiro de tricô em Oslo, o órfão fica aos cuidados do tio Al, um sujeito que parece não se preocupar com nada e de repente some e volta para o conforto da família sem muitas explicações. Ao invés de levar o jovem para a escola, o tio planeja uma viagem para coletar insetos, mas uma espécie diferente os tira do rumo.

Muitos anos antes, foi desenvolvida a letal vespa, batizada de Scarlatti, mas que teria sido destruída, o que não aconteceu: os ingleses congelaram um exemplar, os americanos congelaram outro. A Scarlatti Alfa, dos ingleses, foi solta e pode se procriar rapidamente. Al é convocado para resolver o problema.

Como um inseto exala feromônios no ar, a solução está em soltar a Scarlatti Beta, para que ela encontre a irmã. Para que seja seguida, colocam na vespa um localizador, e para fazer isso em escala pequena, usam o grande brinquedo de Al: o Boldklub, uma máquina capaz de encolher coisas e pessoas.

Por trás de toda essa confusão está um trilionário vilão internacional e toda a trama envolve cientistas, presidentes e forças de espionagem do mundo todo, a começar da equipe que é diminuída para caçar a vespa desaparecida. Em meio ao caos do laboratório, quem dá o azar de descobrir um espião é justamente o jovem Finn, que acaba diminuído também e só acorda já no campo, à caça do ninho das Scarlattis.

Essa é a base de uma história repleta de referências científicas e explicações sobre questões internacionais, além de videogame e música. Toda a lógica para o encolhimento das pessoas é explicada por Al, com desenhos e questões físicas, assim como o comportamento dos pequenos seres é visto por um novo ângulo: o de humanos do tamanho desses pequenos seres.

A história pula de um lugar pra outro num ritmo frenético, como um jogo de videogame, daqueles em que você olha pro lado e vê um monstro e ao menor sinal de distração, outro te ataca por trás. McNally não deixa o leitor descansar. Enquanto um helicóptero faz manobras pra desviar da enorme vespa que tenta proteger os filhotes, longe dali os presidentes sequer sabem que essas pessoas estão vivas. Mais longe ainda, o vilão Kaparis observa cada detalhe de tudo o que acontece, monitorando até mesmo as transmissões online.

E quando os pequenos caçadores estão diminuídos, parecem estar no filme Querida, encolhi as crianças, quando uma formiga se torna um ser assustador, principalmente por andar em bando, e um pato pode ser a criatura mais perigosa que existe, ainda mais quando o humano de 9 milímetros está se afogando em um riacho. Cada novo pequeno objeto que eles encontram se converte em um enorme desafio, a ponto de explosivo C-4 ser usado para ligar um computador. Fantástico.

Mesmo com alguns exageros, como o menino que não dorme, o que já se tornou comum nos jovens heróis da literatura, a história não dá descanso ao leitor. E quando tudo parece se encaminhar para uma solução, surgem novas variáveis na instigante equação de desafio global, que tem suas possíveis soluções entre os extremos “paz mundial” e “fim do mundo”.

Infinity Drake – Os filhos da Scarlatti vai deixar o leitor com a adrenalina a mil, curioso para saber o que acontece a cada página. O livro é até mais intenso que o book trailer no site oficial, e tem alguns personagens interessantes, que podem deixar o autor escrever mais livros com eles. Sugestão ao leitor: não comece a ler antes de algum compromisso, ou vai chegar atrasado.