O DESAFIO DE FERRO | LITERATURA

Desafio de Ferro
Desafio de Ferro

Jovens que vivem no mundo sem magia são chamados para o teste que permitirá (ou não) que entrem para a escola onde aprenderão a dominar seus poderes. Os jovens, cheios de ímpeto, têm muito poder, por isso precisam dessa educação, ou acabarão por causar desordem no mundo sem magia ou, pior, sucumbir às forças do mal. Essa é a motivação por trás do mundo construído na sequência de cinco livros que envolvem os cinco anos da escola de magia.

Sim, são cinco, cada um representando um ciclo dos ensinamentos mágicos, a começar pelo Ferro e terminar no Ouro. Esta é a organização de Magisterium, série de livros assinada por Holly Black (A menina mais fria de Coldtown) e Cassandra Clare, que começa com o lançamento O Desafio de Ferro, história protagonizada pelo jovem Callum Hunt.

Filho de pais mágicos, Callum foi criado pelo pai depois que a mãe foi assassinada na última grande guerra entre os magos e o Inimigo da Morte. Depois do cruel assassinato de mulheres e crianças que se encondiam do conflito, as batalhas chegaram a uma trégua. É nesse clima que o jovem Callum, que mal nascera quando do assassinato da mãe, é levado pelo pai para o Desafio de Ferro.

Call foi educado pelo pai para evitar a magia, acreditando que o Magisterium era um lugar ruim para o qual não deveria ir. Faz de tudo para não passar nos testes e realmente tira uma péssima nota. No entanto, a nota não é o grande critério de decisão: cada mestre pode escolher seus alunos e Call é escolhido por Rufus, que é acusado por Alastair, pai de Call, de ser responsável pela morte da mãe do garoto.

Sem escolhas, Call nem tem tempo de se despedir do pai e leva apenas a roupa do corpo e a adaga Semíramis, com a qual a mãe estivera até o fim. Junto com os colegas Aaron e Tamara, Call passa os dias nos exercícios de magia enquanto planeja sua fuga do Magisterium. A cada dia, ele se encontra no dilema entre as palavras do pai, de que a magia é sedutora e perigosa, e a tentação de entender seus poderes.

Quando pequeno, na guerra, o bebê Callum fora ferido na perna e carrega sua deficiência pela vida, assim como o estigma de não praticar esportes e ser motivo de chacota de alguns colegas. Quando entra no Magisterium, os novos companheiros de aulas se tornam amigos e isso é o ponto mais forte do texto. Com relações que nem sempre são das melhores, os jovens aprendem o valor da amizade ao longo de uma história que deixa claro que o conflito faz parte da relação.

Uma prova do lado humano de O Desafio de Ferro acontece quando um dos alunos foge da escola, por sofrer muita pressão lá dentro. Além desse fato, normal nos dias de hoje em que vestibular, notas e rendimento sobrepõem-se aos relacionamentos, ainda existe a necessidade do descanso: acordado no meio da noite para ajudar a buscar o colega, Call sente a falta de sono de uma noite completa. Ao contrário dos outros meninos da literatura juvenil, Call, como as crianças normais, precisa dormir.

Enquanto aprendem a controlar os poderes e a lidar com elementais, os alunos do Magisterium devem ter sempre em mente os Cinco Princípios da Magia:

O fogo quer queimar.
A água quer fluir.
O ar quer se erguer.
A terra quer unir.
O caos quer devorar.

Princípios simples como a vida, mas tão traiçoeiros quanto ela, pois mostram que os excessos podem dominar quem não souber controlá-los. Diante desse constante desafio de lidar com o que pode corrompê-los, os pequenos começam a jornada pelo mundo pedagógico da magia, que inclui a busca de um Makar, mágico capaz de dominar os poderes do caos. Somente com um desses a luta contra o Inimigo da Morte pode ser equilibrada. E esse mágico existe no Magisterium, basta seguir pelas páginas do livro para encontrá-lo.

Dominar o conhecimento é como dominar a magia. O Desafio de Ferro apresentado no título não é apenas a prova para se entrar na escola: é todo o primeiro ano, pois é no começo que as personalidades se formam. Com tantos pontos conhecidos das histórias infantis e com magia, a obra é de leitura fácil e tem seu maior mérito nos valores humanos, mais que nas emoções da narrativa.