O JEITO QUE ME OLHA | LITERATURA

O Jeito Que Me Olha
O Jeito Que Me Olha

Está no ar mais um capítulo da novela Os Sullivans.

A chamada não é assim, mas bem poderia ser. Porque é exatamente a melhor forma de descrever O jeito que olha, novo romance de Bella Andre dentro da (interminável) saga romântica da pitoresca família. Depois de casar todos os irmãos de São Francisco, neste nono livro da série ela passa a se dedicar ao clã de Seattle. E a atração/paixão avassaladora seguida da descoberta do amor eterno da vez conta a história do detetive particular Rafe Sullivan e seu reencontro, anos depois, com a vizinha de infância Brooke Jansen.

Eis o resumo da trama, nas palavras escritas na própria quarta capa:

“Depois de construir uma sólida carreira como detetive particular – especializado em casos de infidelidade –, Rafe Sullivan perdeu a fé nas relações humanas. As únicas histórias de amor verdadeiro que conhece são a dos seus pais e as dos seus primos, que vivem na Califórnia.

Quando Rafe precisa sair de Seattle para descansar e esfriar a cabeça, sua irmã, Mia, sugere uma temporada na cidadezinha onde a família costumava passar as férias de verão. No cenário de sua infância, Rafe reencontra Brooke Jansen, que, de garotinha doce e inocente, transformou-se em uma mulher de beleza incomum.

Nenhum dos dois consegue ignorar o clima de sedução, e é Brooke quem toma a iniciativa: ela propõe a Rafe um caso de verão, sem amarras nem cobranças. Rafe luta para convencê-la de que eles devem continuar sendo apenas amigos… embora ele mesmo não esteja 100% convencido disso.”

Perdoem-me se pareço tão cética como o protagonista no início do romance; eu não sou. Acredito, sim, em amores verdadeiros. O que não me convence é a forma como Bella Andre os conta. É claro que há muitas pessoas que não sentem como eu, caso contrário a autora não teria vendido mais de 3,5 milhões de exemplares em tantos países do mundo. Mas, assumindo o risco de parecer pedante, insisto que é um fenômeno que pouco tem a ver com literatura.

Um professor meu dizia que, quanto maior a tecnologia, maior a necessidade de magia. Talvez seja assim também com os relacionamentos humanos. Quanto maior o individualismo, a necessidade de afirmação profissional, a liberdade sexual, maior seja a necessidade de retorno ao ideal dos contos de fadas. Por mais envoltos em roupagem moderna que os livros de Bella Andre possam estar (só li dois até aqui, mas não é preciso ser expert para saber que todos seguem a mesma fórmula), a verdade é que ainda falam dos mesmos clichês de mocinhas românticas e seus príncipes encantados.

Para quem gosta das histórias, informo que os tais Sullivans de Seattle renderão mais alguns livros. Ainda restam muitos capítulos, portanto, até que a novela acabe.