O JOGO DA IMITAÇÃO | CRÍTICA – OSCAR 2015

Jogo da Imitação poster1Temas envolvendo guerras sempre conseguem uma abordagem interessante dentro da sétima arte. Não importa qual seja o estilo narrativo ou ponto de vista, já que sempre chama atenção por apresentar muito de uma situação real, apresentando fatos em algum momento. É claro, existem aquelas abordagens preferidas que giram em torno da 1ª ou 2ª Guerra Mundial. Entretanto, mesmo com essa época sendo a preferida, nem sempre a trama acaba focando em batalhas. Por vezes o drama pessoal acaba sendo priorizado, sendo ótimos exemplos para isso as produções A Lista de Schindler e A Vida é Bela. A verdade é que quanto mais pessoal é a construção, mais envolvente acaba sendo o filme para o telespectador. Agora, abordando tudo isso de forma diferente, mostrando outros lados e questões pessoais, chegou a vez de O Jogo da Imitação.

A trama acompanha Alan Turing (Benedict Cumberbatch) e sua ascensão no mundo da tecnologia, quando seus conhecimentos inestimáveis em matemática, lógica e ciência da computação acabaram contribuindo com às estratégias usadas pela Inglaterra e pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, este homem também tinha diversos conflitos com sua própria homossexualidade, buscando viver discretamente com sua opção sexual. Anos mais tarde, quando autoridades descobriram sua sexualidade, o mesmo acabou sendo condenado a uma castração química mesmo após seus serviços prestados.

Um dos fatores mais interessantes da narrativa de O Jogo da Imitação é que existe a possibilidade do espectador conhecer o destino de Turing. A história do matemático já era de fato conhecida, mas é claro que conseguiu tomar maiores proporções por conta da produção. Entretanto, nem por isso o filme deixa de apresentar 3 momentos da vida de seu protagonista, passando por sua juventude em momentos escolares, o seu trabalho durante a guerra e as descobertas das autoridades. Com isso, o roteiro acabou seguindo uma fórmula já usada, sem seguir uma linearidade ao contar sua vida, mas deixando claro as colocações temporais diversas em busca de seu final.

Passando para a parte da produção, fotografia, ambientação e figurino encontram o seu destaque desde os primeiros momentos. Maquinas da época foram utilizadas no desenvolvimento do título, assim todo o seu projeto acabou não encontrando limites para uma ambientação fiel ao ter cenas rodadas em locações reais e com um figurino completamente perfeito para sua época. Com isso, coube apenas ao cineasta Morten Tyldum saber como utilizar os pontos fortes de toda a preparação, que acaba apresentando um excelente resultado na tela grande.

Entretanto, mesmo no meio de tantos detalhes, é Benedict Cumberbatch quem acaba conquistando o grande destaque desde os primeiros momentos. Mais uma vez mostrando todo o seu talento, o ator sabe como interpretar Turing em todas as circunstâncias, seja no aspecto raro quando ele demonstra sentimentos, na sua timidez ou em sua completa genialidade. A evolução do personagem ganha destaque através dessas circunstâncias, ainda mais quando ele conhece Joan Clarke (Keira Knightley) e passa a ouvir seus conselhos sobre como agir com outras pessoas. Além disso, existem também os momentos em que descobrem sua homossexualidade, onde mais uma vez a interpretação apresenta mudanças significativas quando necessário.

A verdade é que a trama é tão focada e desenvolvida através de seu protagonista que o restante do elenco não tem muito o que fazer. Mark Strong, Charles Dance, Alan Leech e Rory Kinnear apresentam boas atuações, mas são pouco explorados ao longo de todos os acontecimentos. Contudo, não é um erro aos olhos do espectador. É claro, faltam detalhes e um maior aprofundamento em certos momentos na vida de Turing, mas o roteiro é muito bem centrado e coerente, mostrando o seu protagonista também passando por suas batalhas pessoais e buscando seus interesses. No mais, é acompanhado pelo público que ele tinha uma mente repleta de genialidade e que foi se revelando cada vez mais, tendo ajuda em alguns momentos e passando por ideias inesperadas como deveria ser em outros.

Entretanto, nem tudo está na genialidade de Alan Turing. Sua humanização também ganha destaque através de descobertas e de seus comportamentos, mostrando seus feitos através disso e as amizades e inimigos que o mesmo acabou adquirindo ao longo do tempo em que desenvolveu o projeto Christopher. É realmente algo de impacto para se observar, mostrando um homem e seus dilemas, suas decisões lógicas e, acima de tudo, a sua busca pelo melhor para a humanidade. No fim, ver como ele foi tratado, sendo condenado por algo que o ser humano não pode controlar, mas tomando decisões ao pensar na máquina pelo que ele não poderia mais ter, mostra que Turing merece muito mais respeito e que sua história seja cada vez mais conhecida. Afinal, como o título mostra, ele salvou o mundo através de uma grande descoberta na época.

Classificação:
Excelente

Amante de filmes, séries e games, criou o Jornada Geek em 2011. Em 2012 se formou em Jornalismo pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF), e a partir de então passou a fazer cursos com foco em uma especialização em SEO. Atualmente é responsável por desenvolver conteúdos diários para o site com focos em textos originais e notícias sobre as produções em andamento. Considera Sons of Anarchy algo inesquecível ao lado de 24 Horas, Vikings e The Big Bang Theory. Espera ansioso por qualquer filme de herói, conseguindo viver em um mundo em que você possa amar Marvel e DC ao mesmo tempo.