No meio de muitos gêneros pode surgir algo que consiga um certo destaque, sendo que a história pode ser uma boa arma para que isso aconteça. No caso de Os Bórgias tal frase faz sentido, já que desde o seu primeiro ano o projeto mostra sua capacidade através de um roteiro com tons históricos em um momento interessante sobre a igreja Católica. Acompanhando a família que dá título ao programa, o espectador passou a conhecer mais do tal período representou, além de mostrar uma trama bem elaborada e acontecimentos que chamam atenção pelo seu impacto. Rumores são mostrados nas telas como realidade, além de apresentar tantas outras questões que pareciam se fazer certa. E assim, após tantos fatos, chega o momento da temporada final.
Cercado de inimigos por todos os lados, o Papa Alexandre (Jeremy Irons) contra-ataca com uma vontade de ferro, para eliminar do Vaticano aqueles que são desleais a ele. Mas, enquanto ele luta para estabelecer o papado como uma monarquia hereditária por toda Itália, seus audaciosos filhos tem seus próprios planos para conquistar o poder: Césare (François Arnaud) é agora um ousado guerrilheiro, Lucrécia (Hollyday Grainger) entrou na disputa política napolitana, e ambos estão inflamados por um desejo que pode consumi-los completamente. Apaixonado ,suntuoso e inegavelmente compulsivo, este é um imperdível último capítulo da saga de uma das mais poderosas famílias que o mundo já conheceu.
Com os personagens da família Bórgia no centro da trama, desde a primeira temporada evoluções acontecem dentro do programa. Algumas atitudes dos protagonistas era apresentada com uma reação imediata ao espectador, enquanto outras foram sendo guardadas para um momento certo, sempre buscando um impacto. De tal forma, a própria relação incestuosa acabou sendo mostrada no último ano, após mudanças até mesmo de comportamentos e atitudes dos personagens no decorrer dos três anos.
Um dos melhores exemplos de mudança fica por conta de Césare, que começou a temporada completamente envolvido pela igreja, mas acabou caminhando com suas próprias pernas e vontades, indo por vezes de encontro aos desejos de seu pai e estando envolvido em situações polêmicas até mesmo para sua família. Entretanto, mesmo no meio de tanta cobiça, é de fato realista afirmar que foi Lucrécia quem mais passou por mudanças na trama. Nada acontece de graça, muito menos com ela. Como membro da família espanhola ela passou por altos e baixos, tendo que casar contra sua vontade, para após isso despertar para a realidade do meio em que vivia e passar a manipular suas próprias vontades.
É claro também afirmar que o programa não depende apenas do seu roteiro, mesmo ele sendo muito bem amarrado e coerente em toda sua evolução desde a 1ª temporada. A série soube como trabalhar seus pontos fortes, mas para isso teve todo o complemento da produção. Ambientação e figurinos ganham grande destaque em projetos de época, sendo que dessa vez não foi diferente. Além disso, a fotografia também se mostrou eficiente e complementar para a direção trabalhada. Como um gratificante complemento, o elenco mais uma vez brilha com suas atuações, sobretudo o trio principal liderado por Jeremy Irons.
Após todos os acontecimentos do ano anterior, a 3ª temporada de Os Bórgias se mostrou eficiente desde o início. Todos os acontecimentos são trabalhados como consequências ou reações do passado, assim como certas atitudes acabam sendo reveladas por personagens. De tal forma, a série cria expectativas de novas reviravoltas, apresentando sempre novas ameaças aos protagonistas, enquanto eles tentam se defender com novas ideias e planos em uma verdadeira guerra. Como principal base para o sucesso, o sangue familiar é sempre um dos pontos fortes em todos os envolvimentos, tendo destaque independente da situação.
Muitas ambições e crises são mostradas no desenvolvimento do ano 3, deixando sempre a faísca para grandes momentos quando menos se espera no decorrer da temporada. Contudo, nem sempre acontece como se espera, já que, acima de tudo, a trama se apresenta como um verdadeiro jogo de inteligência e não campal na maioria do seu tempo. As batalhas em si acontecem apenas quando verdadeiramente necessárias, mas as alianças são trabalhadas cuidadosamente nas cenas do projeto que se mostra extremamente ousado, conseguindo como consequência a atenção total do seu espectador. O resultado não poderia ser diferente: momentos históricos, atuações fantásticas e um resultado impactante.
Classificação:
