SHADOW OF THE TOMB RAIDER | O enigmático fim da trilogia

Nota do editor: Shadow of the Tomb Raider é um dos grandes lançamentos do ano e essa review contém algumas informações que podem estragar a experiência do jogador, no entanto, sem spoilers da história!

Lara Croft é um dos ícones dos videogames desde que eu me entendo como fã de jogos eletrônicos. A franquia teve início em 1996 e se popularizou com o PlayStation 1, que ajudou a alavancar a fama de exploradora da personagem. Ao longo desses 22 anos, diversos outros produtos de entretenimento chegaram ao público além dos games, incluindo os filmes com Angelina Jolie e diversas HQs.

Em 2013, a Square Enix, atual detentora dos direitos de distribuição da marca, deu início à uma nova trilogia nos videogames. Esses jogos buscavam contar as origens de Lara e como ela se tornou a exploradora de tumbas que todos conhecemos desde a infância. A franquia também serviu de inspiração para o longa Tomb Raider: A Origem, lançado em março deste ano, que traz diversas referências do game que iniciou a nova história.

Mas agora chegou a hora de encerrar essa trilogia. Shadow of the Tomb Raider, jogo que tem o lançamento marcado para a próxima sexta, 14, foi desenvolvido pela Eidos-Montréal e pela Crystal Dynamics e é o último da história que já vendeu mais de 18 milhões de cópias. E chega prometendo um final à altura: da personagem, da narrativa da franquia e da expectativa do público. E será que conseguiu? A resposta você confere agora, em mais uma análise do Jornada Geek!

Não tem mais “Larinha”

Se no jogo de 2013, nossa protagonista ainda era uma adolescente/jovem inexperiente, nós percebemos como ela foi mudando ao longo dos últimos dos últimos jogos, em especial em relação ao Rise of the Tomb Raider. Todos os acontecimentos dos títulos anteriores deixaram Lara Croft mais reservada, sombria e com certa dificuldade para lidar com suas próprias emoções.

Não que ela tenha pena dos inimigos, animais e criaturas sobrenaturais que eventualmente enfrenta em Shadow of the Tomb Raider. Mas sua personalidade é mais fechada, talvez até pela culpa de carregar tanto sangue em suas mãos, com tão pouca idade – um inimigo fala que ela tem “por volta dos 20 anos” em Shadow. Jonah, agora com um visual mais moderno, segue sendo fiel companheiro da exploradora. E você vai explorar o máximo dessa amizade.

Shadow of the Tomb Raider
Jonah é um único amigo que Lara ainda tem. E você vai lutar para manter essa amizade (Foto: Divulgação)

Além disso, a escolha do nome Shadow (sombra, em português) é bem emblemática com os acontecimentos da história do novo jogo. Não bastasse ter perdido amigos nos últimos títulos, ter sido traída pela própria madrasta e seguir tentando refazer os passos do próprio seu pai, Lara agora se vê como causadora de um apocalipse. Com mais peso na consciência do que jamais imaginaria que poderia suportar, ela chega a ser obsessiva e até irracional para encontrar as respostas que tanto busca.

E é interessante como isso mostra a relação da personagem no jogo. Lara é agressiva, equipada e preparada para derrotar a Trindade – a organização vilã da trilogia, e qualquer outro obstáculo que surja, incluindo animais e monstros sobrenaturais. Mas ela mesma acaba se perdendo em conflitos individuais, bem explorados pelo jogo com lembranças do passado da personagem. Se em Tomb Raider (2013) nosso objetivo era sobreviver, em Rise of the Tomb Raider (2015) passou a ser encontrar respostas e agora é quase que uma vingança pessoal. Não é bom ficar no caminho dela.

Shadow of the Tomb Raider
Lara Croft é implacável em Shadow of the Tomb Raider (Foto: Divulgação)

Gameplay ainda melhor

Os dois primeiros jogos da franquia trouxeram novidades ao longo da história para os jogadores, que foram conquistando os equipamentos de exploração à medida que avançavam na narrativa. Em Shadow of, Lara já chega com tudo. E tudo mesmo, desde a sua machadinha para andar por paredes (e fazer rapel agora!), aprimoramentos de arco e até exploração áquatica, que está de volta na franquia.

Mas você segue conseguindo evoluir nossa personagem, com habilidades úteis para sobreviver na selva, para lutar e atirar, além de dar sequência ao modelo de aprendizado de novas línguas. A nova árvore de habilidades é um pouco diferente das anteriores, se aproximando mais às dos RPGs, com as principais habilidades ao centro, e as demais expandindo – e requerendo a anterior para ser ativada. As tumbas secretas, no entanto, aceleram esse processo, dando pontos de habilidade e até mesmo fazendo o desbloqueio imediato de uma habilidade.

Shadow of the Tomb Raider
Os instintos de sobrevivência de Lara são testados insistentemente (Foto: Divulgação)

Uma das habilidades que aprendemos ao longo de Shadow of the Tomb Raider é a camuflagem. A protagonista pode se misturar ao mato alto ou à paredes lamacentas para atacar de surpresa os soldados da Trindade e derrubar, um a um, todos aqueles que estão naquela parte do mapa. Também é possível aprimorar sua habilidade de produção de flechas, atacando inimigos e pendurando-os em galhos de árvore, à mostra para outros soldados, por exemplo. Em locais onde o nado é permitido, ainda podemos eliminá-los puxando-os para dentro d’água.

E, de forma geral, o terceiro game da trilogia segue a linha estabelecida nos demais: “sempre em frente, que atrás vem gente”. Os colecionadores ainda podem fazer viagens rápidas para retornar à uma localidade e buscar aquele artefato perdido, mas até chegarmos em Paititi, a maior cidade que a franquia já viu…

A maior novidade da série

Por mais que a franquia tenha alcançado absoluto sucesso nos últimos anos, novidades são sempre bem vindas. Como expliquei acima, Paititi, a maior área da franquia, é cheia de coisas para serem feitas. É lá que temos uma dimensão do trabalho feito em Shadow of the Tomb Raider.

Se você joga a série, certamente é fã de exploração de mapas. E Paititi tem muitos segredos e missões secundárias, que trazem boas recompensas aos jogadores. Mais do que isso: de lá, podemos interagir com os moradores locais e conseguir itens exclusivos – como a roupa da foto abaixo, ou descobrir o caminho para tumbas secretas. E, só para lembrar, Paititi não é a única cidade de Shadow of the Tomb Raider. Em outras localidades, essas situações se replicam, mas em menor escala.

Shadow of the Tomb Raider
Paititi é recheada de missões para Lara (Foto: Divulgação)

Outras novidades

As cidades de Shadow of the Tomb Raider não são a única novidade do game. Pequenas mudanças foram feitas pela produção para que o jogador possa aprimorar ainda mais a experiência, e moldá-la a sua forma. Agora, por exemplo, é possível separar o nível de dificuldade que cada parte do jogo terá: o combate, a exploração e os enigmas.

Também é importante ressaltar que, ao contrário dos últimos dois jogos, agora é possível voltar ao stealth caso você tenha sido avistado, sem precisar reiniciar o check-point. Embora dê mais trabalho, já que é preciso eliminar alguns inimigos e se esconder por um tempo, a novidade é bem vinda.

As roupas de Lara são o outro assunto que merecem sua atenção. Mais do que opções cosméticas, elas oferecem benefícios específicos, como aumento da camuflagem, resistência à flechas e tiros, entre outros. E os desenvolvedores prepararam algumas surpresas para os jogadores mais nostálgicos também, então, vale a pena visitar o menu de personalização.

Shadow of the Tomb Raider
Ser avistado nem sempre significa levar tiros de todos os lados (Foto: Divulgação)

Precisão nos gráficos e na localização

Shadow of the Tomb Raider explora ao máximo o potencial dos videogames atuais. Foram poucos os jogos que fizeram o cooler do meu PlayStation 4 comum trabalhar como aconteceu aqui. Graficamente, o jogo é lindo e isso é reproduzido em uma bela ambientação do gameplay. Florestas, animais, pessoas andando pelas cidades… Tudo isso muito vivo, e rodando sem problemas, com rápidas telas de loading e com a taxa de frames compatível com o console – no meu caso, 1080p e 30 FPS.

Também preciso chamar atenção do belo trabalho feito na localização do jogo. Shadow of the Tomb Raider é inteiramente em português, com vozes e textos. Mas essa nem é a parte mais legal da localização: é possível jogar utilizando o áudio original dos dialetos não ingleses, criando uma imersão ainda maior.

Shadow of the Tomb Raider
É possível interagir com nativos usando a sua língua-mãe (Foto: Divulgação)

Pequenos problemas existem: a personagem se suja com muita frequência ao andar na lama, e rapidamente está limpa. É uma sensação estranha. As animações de água, muito criticadas nos primeiros trailers, foram refeitas e estão mais aceitáveis. Lara até sai com cabelos e roupas molhadas, mas seca-se rapidamente.

Felizmente, as desenvolvedoras estão trabalhando em um patch pré-lançamento para alguns bugs do jogo. Não convém citá-los aqui – já que a atualização visa corrigi-los a tempo. Então, minha dica final é: se comprar em mídia física, atualize antes de jogar.

Shadow of the Tomb Raider
E aí, vai encarar? (Foto: Divulgação)

Veredito

Se você chegou até aqui na leitura dessa review, já imagina o que achei de Shadow of the Tomb Raider. É um dos melhores jogos do ano e fecha com chave de ouro a trilogia proposta pela Square Enix, de mostrar as origens de Lara Croft. Seja você é um fã da franquia ou um jogador casual, o novo game não vai te decepcionar!

Nota Surpreendente

O jogo será lançado na próxima sexta-feira, 14 de setembro, para PlayStation 4Xbox One e PC, via Steam e Green Man Gaming. O preço varia de acordo com a plataforma e a versão escolhida, que pode trazer acesso antecipado, boost de habilidades, armas/trajes adicionais, a trilha sonora do jogo e o Passe de Temporada.

*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem PS4, PSVR e PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, Red Dead Redemption 2 e The Last of Us completam o Top-5.