THE POST: A GUERRA SECRETA | CRÍTICA

Tom Hanks e Meryl Streep em Pôster do filme The Post: A Guerra Secreta
Divulgação

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Nota Surpreendente

Após meses de espera, The Post: A Guerra Secreta finalmente chegou aos cinemas. Como é de conhecimento, o projeto em questão não é apenas uma nova produção de Steven Spielberg, como também traz mais um projeto do cineasta ao lado de Tom Hanks. E para melhorar, ainda proporciona uma reunião lendária com Meryl Streep. Anunciado ainda em 2017, o mesmo logo começou a ser preparado para a temporada de premiações por motivos claros. Afinal, ver Hanks e Streep atuando juntos pela primeira vez prometia ser marcante, ainda mais sob o comando daquele que é considerado por muitos um dos maiores diretores da história. E bem, o resultado é extremamente gratificante.

Ambientada em 1971, e baseada em fatos, a trama acompanha o escândalo envolvendo a revelação do conteúdo que ficou conhecido mais tarde como Pentagon Papers (Papéis do Pentágono). Na época, o ainda em ascensão The Washington Post, sob o comando de Katherine Graham (Meryl Streep) estava prestes a ter suas ações abertas ao público. Entretanto, quando menos era esperado, eles acabaram encarando uma das maiores revelações sobre o governo dos EUA nos últimos 30 anos: a grande farsa envolvendo os relatos sobre a guerra do Vietnã. A partir de então, em uma verdadeira queda de braço com o governo Nixon, Graham e seu editor, Ben Bradlee (Tom Hanks) tiveram que tomar uma das decisões mais difíceis das suas vidas: publicar ou não os documentos em questão?

Para começar, um dos fatos mais interessantes e espetacular de The Post é exatamente o seu roteiro. A forma com que a trama é inicialmente apresentada, no clima de guerra, passando rapidamente por um alto escalão do governo, para assim chegar ao jornalismo…isso é marcante logo em seu início. Já ali a tensão começa a se tornar cada vez mais crescente, ainda mais quando surgem as primeiras notícias sobre o escândalo e sua trama mergulha em uma verdadeira onda de jornalismo investigativo de primeira linha. Contudo, neste ponto todos os outros aspectos começam a se complementar de forma única.

A direção de Spielberg, a fotografia de Janusz Kaminski e a trilha sonora de John Williams passam a dar o tom completamente tenso e alucinante de quase todas as cenas seguintes, sendo apenas interrompidas em momentos certos para o destaque de fatos dentro da trama. Todas as abordagens são muito bem desenvolvidas, com cada uma delas chamando cada vez mais atenção do espectador e gerando uma grande expectativa para o desfecho não apenas do caso, mas também dos seus personagens.

Por falar nisso, o elenco liderado por Meryl Streep e Tom Hanks é extremamente fantástico. As cenas envolvendo a dupla em questão são crescentes e cada vez mais próximas na trama, sendo grandes pontos altos em toda a sua evolução. A química entre os dois se mostra impressionante desde o início, colocando duas lendas vivas em um trabalho magnífico de atuação que merece ser reconhecido. Além disso, nomes como Bob Odenkirk (Better Call Saul) e Sarah Paulson (American Crime Story) também encontram seus espaços para bilhar no meio desta reunião de gigantes. Todo personagem é metodicamente colocado na trama, tendo sua importância para a situação, esclarecimentos ou conselhos.

Outro ponto muito bem abordado é o significado de todo o cado dos Papéis do Pentágono para o país, já que trata-se da liberdade de imprensa. Tudo isso é muito bem enfatizado ao longo de todas as suas cenas. Já mudando para outras abordagens, envolvendo situações mais pessoais, o poder feminino também é referenciado com a precisão necessária. Em vários momentos surgem comentários sobre a capacidade de Graham ser capaz de comandar o jornal por ser uma mulher, seguidos com maestria por decisões grandiosas da personagem e cenas emblemáticas envolvendo isso. Em uma delas, cercada por homens, a mesma se levanta e deixa de “ouvir” suas ideias, para então tomar a sua decisão. Em outra, a admiração de mulheres, que ficaram sozinhas em casa por conta da guerra, é filmada com muito cuidado por Spielberg.

Seja como for, por todos os pontos mostrados e o que acabou representando ao longo da trama, é um pouco misterioso tentar entender o motivo de The Post: A Guerra Secreta ter apenas 2 indicações ao Oscar (Melhor filme e Melhor atriz), já que claramente poderia ter sido encaixado em tantas outras. Entretanto, uma coisa é certa: com ou sem prêmio, talvez este seja um dos melhores filmes de jornalismo investigativo feito nos últimos 10 anos, claramente ao lado de Spotlight. E com isso, desta vez no meio de uma reunião marcante para o cinema hollywoodiano, Spielberg volta a acertar sua mão e provar para todos o seu grande talento. Sem dúvida, um filme que merece ser visto várias vezes.

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Amante de filmes, séries e games, criou o Jornada Geek em 2011. Em 2012 se formou em Jornalismo pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF), e a partir de então passou a fazer cursos com foco em uma especialização em SEO. Atualmente é responsável por desenvolver conteúdos diários para o site com focos em textos originais e notícias sobre as produções em andamento. Considera Sons of Anarchy algo inesquecível ao lado de 24 Horas, Vikings e The Big Bang Theory. Espera ansioso por qualquer filme de herói, conseguindo viver em um mundo em que você possa amar Marvel e DC ao mesmo tempo.