FIFA 18 | Cartão amarelo!

A Electronic Arts lançou no dia 29 de setembro o mais novo título de FIFA, sua tradicional franquia de futebol. FIFA 18 chegou com pompa, após mais uma boa campanha de marketing da publisher, que investiu pesado trazendo Cristiano Ronaldo, melhor jogador do mundo no último ano, para ser o garoto propaganda.

Mas, mesmo com toda expectativa, a EA Sports, divisão de esportes da empresa, cometeu falhas onde não poderia. Ao mexer na jogabilidade, entregou aos jogadores algo diferente daquilo em que todos estão acostumados e, não está difícil encontrar reclamações por aí.

Quer saber por quê? Vista seu uniforme e calce suas chuteiras. Nossa análise completa de FIFA 18 entra em campo!

Mais que um jogo

O slogan que a EA trouxe para FIFA 18 é “mais que um jogo”, do jargão popularmente conhecido no Brasil como “não é só futebol”. A ideia foi explorar o universo da bola de forma mais ampla, dando sequência à jornada de Alex Hunter e aos fatores extra-campo, entre outras novidades.

A primeira vez que joguei FIFA 18 foi na WB Summit 2017. Tive a impressão de ver partidas mais cadenciadas do que em FIFA 17, além de ter uma experiência visual muito mais agradável aos olhos do que versões anteriores. Tudo isso se confirmou no jogo completo.

O efeito de luz é magnífico. A iluminação de jogos a tarde chama atenção logo de cara. A torcida, viva e participativa, é um show à parte. Os campos argentinos, repletos de papel picado, assim como vemos na Libertadores, são destaques. A cereja do bolo são as gamefaces, mais reais e expressivas.

Bola em jogo!

Mas, quando falamos de um jogo de futebol, temos que focar no que acontece dentro das quatro linhas. E é aí, infelizmente, que FIFA 18 leva seu cartão amarelo. Temos uma jogabilidade mais cadenciada, com um novo sistema de domínio implementado, o Real Player Motion Tech. O game chega mais lento, assim como a build que jogamos em julho e a versão demo, lançada em meados de setembro.

Partidas cadenciadas não são ruins. Eu, inclusive, prefiro assim. É mais próxima da realidade do que aquela correria maluca que alguns players insistem em fazer com atletas velozes. Acontece que, enquanto o ataque toca a bola e abre espaços na defesa facilmente, o outro lado pode encontrar sérias dificuldades.

FIFA 18
Foto: Divulgação

Na minha segunda partida no Temporadas, no dia do lançamento, houveram muitos gols. Logo notei que tinha alguma coisa de errado estava acontecendo e isso não é legal. Continuei jogando e foram raras as partidas em que houveram somente um ou dois tentos. A normativa de FIFA 18 são partidas recheadas de bola na rede.

E não é porque é difícil defender. O jogo traz falhas absurdas na defesa. Ao apertar o botão de dividida em pé (⊡, no PS4 ou X, no Xbox), o tempo de resposta do defensor é demorado. Demorado o suficiente pra dar um bote no vazio ou no atacante, que já passou. Não é um lag do controle ou lag online. Joguei offline, no cabo, durante o “A Jornada”, e aconteceu a mesma coisa.

Calma, EA, olha o cartão vermelho…

Ciente de alguns problemas, principalmente as partidas com muitos gols, a Electronic Arts lançou um patch (1.0.3) para corrigir algumas falhas. Entre as diversas correções do arquivo, duas chamaram atenção: melhorias no sistema de finalização e com os problemas dos goleiros.

Acontece que, após a atualização, ficou difícil demais fazer gols. Não que seja impossível, afinal, a defesa continua falhando bisonhamente, o tempo de resposta dos botes continua mais lento, mas os goleiros melhoraram bastante a ponto de operaram milagres jogo a jogo. A solução para as partidas recheadas de gols, então, foi a melhora dos arqueiros? Assim fica difícil defender…

FIFA 18
Foto: Divulgação

É hora do craque!

Se as coisas não estão tão boas assim com o sistema defensivo, é melhor chamar o Camisa 10 para resolver. Seja por conta das falhas de programação na zaga, ou por capricho na parte ofensiva, fato que FIFA 18 é um jogo onde as jogadas fluem bem no ataque.

Dribles, bolas paradas, lançamentos, pênaltis (esses tiveram uma melhoria significativa para o batedor!) e o novo sistema de cruzamento foram bem aprimorados na nova versão. Atacar é bem legal e natural. A adição das substituições rápidas também foram uma excelente ideia. Minha única ressalva segue sendo as disputas de corpo, onde a defesa, nesse caso, parece levar um pouco mais de vantagem, mesmo se o seu atacante for o Ibrahimovic.

Pra fazer o gol…

Pontuados os pontos sobre a jogabilidade do game, hora de falar dos extras. E aí que FIFA 18 consegue mais se destacar: com os modos online.

Eles seguem sendo a principal atração da franquia. Tanto o FUT, quanto o Temporadas, ou o Pro Clubs têm uma grande base de jogadores e não é nem um pouco difícil encontrar partidas para se divertir. No FUT, pouca coisa foi alterada. O Temporadas segue intacto. Já no Pro Clubs, a EA fez mudanças no modo de evolução, adicionou três estilos de jogo para edição rápida e permitiu a definição dos cobradores de bola parada antes das partidas. Tudo para melhor.

FIFA 18
Foto: Divulgação

O tão falado handicap segue presente, embora a EA negue sua existência. Existem partidas onde é impossível ganhar, não importa o que você faça. O zagueiro adversário vai ser mais veloz que o Bale, ou as finalizações do Messi vão ir todas em cima do goleiro ou pra fora. Paciência.

Golaço! É dele! Alex Hunter!

Não podia terminar minha crítica sem falar da segunda temporada de A Jornada. Alex Hunter voltou mais maduro e pronto para decidir jogos pelo seu clube. A história continua do ponto onde você parou em FIFA 17, mas é cheia de reviravoltas e surpresas.

Passamos a temporada fora da Inglaterra. Saímos e voltamos à Europa, jogamos em um grande clube do continente e ainda ficamos “parças” de um craque de nível mundial. Ainda passamos por dificuldades, jogamos com dois novos personagens e ficamos amigo de badalado ex-jogador. A expectativa agora fica por uma possível DLC de um dos personagens que jogamos, algo já pedido pela comunidade, ou da terceira temporada no FIFA 19. O que será que vem?

FIFA 18 - A Jornada
Foto: Divulgação

Veredito

Desde que assumiu a liderança do mercado de jogos de futebol, arrisco a dizer que a EA Sports nunca esteve tão ameaçada em perder mercado como em FIFA 18. Mesmo com pontos positivos como os modos online e a história de Hunter, esse ano a franquia deu uma boa derrapada na jogabilidade e levou um cartão amarelo. É bom ajustar os erros rapidamente, já que o mercado consumidor é dinâmico e a concorrência vem forte!

Nota bom

FIFA 18 foi lançado para PlayStation 4, Xbox One, PC, Nintendo Switch, PlayStation 3 e Xbox 360 no dia 29 de setembro. O preço varia de acordo com a plataforma. No Metacritic, o jogo atingiu média de 84 pontos na versão avaliada.

*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem PS4, PSVR e PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, Red Dead Redemption 2 e The Last of Us completam o Top-5.