Antes de começar essa review, preciso confessar algo: sou um fracasso dançando. Aliás, tudo que requer mais perícia na coordenação motora já me trava todo (não sei como me dou bem em Beat Saber). E bem, isso não foi um problema para fazer essa análise (que me fez suar muito, diga-se de passagem). Essa talvez seja uma das cenas mais hilárias de se assistir, mas enfim, aí é outra história e eu fiz questão de desativar o salvamento automático dos vídeos. Just Dance 2020 é o décimo primeiro jogo da consagrada franquia de dança. Desenvolvido pela Ubisoft, o título chega prometendo ser uma experiência divertida para se jogar sozinho ou com amigos.
Essa foi a primeira vez que tive contato com um jogo de dança e consegui responder diversas questões que eu mesmo tinha sobre. Algumas eram justamente sobre como funcionava o jogo e a captura de movimentos. Será que funciona com perfeição? Aliás, é realmente divertido ou é uma experiência frustrante? Essas e outras questões serão analisadas aqui por este péssimo dançarino que vos escreve em mais uma crítica do Jornada Geek!
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Haja físico!
Uma das primeiras coisas que senti ao longo das danças de Just Dance 2020 foi um calor sem tamanho. Sim, suei demais! É impressionante como a dança faz nosso corpo trabalhar, sendo um excelente exercício aeróbico. Eu particularmente me encantei com as experiências que tive no VR justamente por poder me movimentar e me sentir ainda mais imerso no mundo dos jogos. Mas tem quem não goste. E talvez nesse aspecto, Just Dance e os jogos mais interativos tirem a galera da zona de conforto, pois não é novidade que boa parte dos gamers são sedentários.
Vale ressaltar que Just Dance 2020 permite utilizar tanto a câmera do console, ou o PlayStation Move ou até mesmo um aparelho celular a partir do aplicativo Just Dance Controller que tem uma função similar ao Move. Ou seja, não se preocupe se você não tiver o PlayStation Move ou a câmera, a jogatina ainda está garantida! Porém, nesta crítica só foi utilizada a câmera do PlayStation 4 e os resultados apresentados são baseados em minha falta de habilidade e na qualidade da captura de movimentos do dispositivo.
A captura de movimentos da câmera
Talvez essa tenha sido minha maior curiosidade em Just Dance. E ela logo foi respondida. Logo ao entrar em cada música, é possível perceber que a câmera capta os contornos do corpo do jogador, fazendo a captura a partir daí (inclusive tirando uma foto do rosto do dançarino ou dançarina em baixíssima resolução). Ao perceber isso, achei interessantíssima a ideia, mas confesso que logo fui percebendo que a tal captura não é tããão precisa quanto parecia ser.
Em um dado momento, jogando com outra pessoa, decidi tentar dançar de forma correta até o final de uma música, tendo tido inclusive uma boa nota. Porém, enquanto isso, a minha dupla fazia diversos movimentos aleatórios que contavam como “perfeitos” e que nada tinham a ver com a coreografia em questão. Isso é necessariamente um problema? Sim e não, indo de acordo com cada jogador. Você deve estar se perguntando “mas como assim?”. E eu explico. O intuito de Just Dance 2020 é ser uma experiência divertida e até mesmo engraçada, sendo basicamente a pontuação um mero detalhe. Mas, ao mesmo tempo, observamos que existem campeonatos do jogo e o próprio modo online dele permite que você dispute com pessoas do mundo todo. Por isso digo que é algo complexo e que vai variar de jogador para jogador. No meu caso, sei que ri bastante das cenas lamentáveis que protagonizei e pasmem, consegui por duas ou três vezes chegar ao nível Superstar, que vem logo após às cinco estrelas.
Música pra todo mundo!
Ao jogar com os trinta dias liberados gratuitamente do Unlimited, modo pago para liberar novas músicas disponibilizado para todos que compraram o jogo, me surpreendi com a variedade oferecida, chegando a mais de quinhentas músicas! Just Dance 2020 traz diversas canções de versões anteriores, indo do pop até o rock dos anos 80. E todos com coreografias de níveis variados em que os jogadores poderão se arriscar. De “Everybody”, dos Backstreet Boys a “The Final Countdown”, do Europe; de “Old Town Road”, do Lil Nas X a “Crazy Little Thing Called Love”, do imortal Queen, espere encontrar de tudo na playlist do jogo.
Sobre a dificuldade, eu particularmente fiquei entre o fácil e o médio, pois as músicas mais difíceis pediam não só um espaço maior, mas uma habilidade que eu jamais conseguirei ter. De toda maneira, percebemos assim que o jogo é pensado pra que todos joguem. Inclusive ele conta com o modo Kids, com coreografias de canções infantis. E sim, dancei Baby Shark algumas vezes… Ah, e atualmente estão disponíveis algumas canções de filmes da Disney. É ou não é um jogo para todos!?
Conteúdo geral
O jogo apresenta menus muito limpos e fáceis de navegar, mantendo a tradição já observada nos títulos anteriores. Além disso, você poderá customizar seu avatar com um fundo, diversas carinhas divertidas e uma frase de efeito. E para adquirir os mais de trezentos novos avatares, fundos, figurinhas e tudo mais, você precisará ou de conseguir ter uma boa pontuação em determinadas músicas, dançando repetidas vezes a mesma canção ou colocando crédito na máquina de presentes, que sorteia o prêmio como aquelas maquininhas que observamos nos shoppings.
Há também o Autodance, que já é conhecido das versões anteriores. Essa função capta alguns momentos de sua dança pela câmera do console e a sincroniza com a música, criando vídeos curtos que podem ser compartilhados com a comunidade. Você também pode assistir aos vídeos mais vistos de outros players do mundo todo, sendo algo bem engraçado. Se você tem coragem, vá fundo e poste seu vídeo!
O All Stars Mode e o World Dance Floor
O All Stars Mode é o que podemos considerar como um “modo história”. Nele, o jogador parte em um ônibus espacial com um Panda, circulando por onze planetas em que cada um representa uma edição diferente, navegando em ordem cronológica. Existem algumas cutscenes, mas não é nada muito exagerado. É um modo bem simples, feito justamente para celebrar os dez anos da série.
O modo World Dance Floor permite que você possa jogar com outras pessoas do mundo todo, baseado em uma playlist que dura 24 horas por dia. E para isso não é necessária a assinatura da PS Plus, que é solicitada para que seja possível jogar muitos títulos online. Ao pesquisar um pouco mais, acabei descobrindo que existe a possibilidade de você participar de eventos classificatórios da competição anual de Just Dance por meio desse modo. Caso você seja um dançarino ou dançarina de qualidade, não custa nada tentar, não é mesmo?
Veredito
Sinceramente, a experiência em Just Dance 2020 foi bem interessante e cansativa. Depois de muito suar a camisa em horas e horas de dança e muitas risadas, percebi o quão legal o título é para diversas ocasiões. Do dançarino que sente falta de uma pista de dança a um grupo de amigos que mal sabem movimentar o corpo, o jogo é uma excelente pedida.
Mesmo com as questões de captura citadas ao longo da crítica, o título cumpre o que promete. Talvez o maior problema seja a questão da assinatura do Unlimited, que é um pouco salgado, variando entre R$9,50, para ser usado em 24 horas e R$76,90, cobrindo o período de um ano. Sem essa assinatura, o número de músicas cai para cerca de quarenta, não tendo a mesma graça. Os trinta dias dados pela Ubisoft só servem para dar água na boca mesmo.
Concluindo, Just Dance 2020 é garantia de diversão para todos os públicos, trazendo algo simples e bem objetivo: fazer todo mundo dançar. Se você não gosta de dança, é plenamente compreensível que não adquira o título. Mas caso você receba muitas visitas em casa e queira deixar de lado os jogos convencionais, vale a pena pegar o título em uma promoção e tirar todo mundo da inércia.
Just Dance 2020 foi lançado no dia 5 de novembro e está disponível em formato físico e digital para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e Wii. Uma versão para o Google Stadia deverá ser lançada em breve. No Metacritic, a versão avaliada teve média de 77 pontos.
*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.
