O HOMEM PERFEITO | LITERATURA

O Homem Perfeito
O Homem Perfeito

A onda chick-lit, que já há algum tempo parece dominar prateleiras norte-americanas, definitivamente virou moda também entre autoras brasileiras. E uma das apostas do subgênero na editora Novo Conceito é Vanessa Bosso, como fica claro já na capa e no título de seu O homem perfeito.

Pelo que informa o rápido resumo de sua biografia na orelha do volume, Vanessa não é estreante no universo dos livros. Ao contrário, “possui 11 livros publicados de forma independente e é um fenômeno de popularidade na Amazon”, como destaca a mais recente publicação, a primeira pelo selo Novas Páginas.

Desconheço o enredo dos demais romances da escritora, mas, nesses meses de parceria do Bebida Cultural com a editora, arrisco dizer que o que a fez entrar no rol de autores do selo foi justamente essa popularidade virtual (que, confesso, eu desconhecia) aliada à capacidade de se inserir nessa nova “literatura de mulherzinha”.

O epíteto – que, convenhamos, é até um pouco misógino – é usado, grande parte das vezes, assim mesmo, com aspas que traduzem um certo desdém. Como se todos os livros do tipo girassem em torno do mesmo clichê: a mocinha moderna e meio atrapalhada em busca de seu verdadeiro amor, o tal “homem perfeito” do título de Vanessa. Então por que atraem tantas leitoras?

Já disse aqui outras vezes que o fenômeno tem muitas possíveis explicações (embora nenhuma constatação final), a maioria das quais dizem muito mais respeito a questões sociológicas, antropológicas e psicológicas do que propriamente literárias. A vontade de ler apenas por diversão, o desejo de aprender a rir de si mesma, a esperança de que os amores, mesmo modernos, continuem a ser representados como contos de fada… tudo isso na tentativa de driblar realidades que nem sempre são tão românticas, nem tão coloridas, nem tão engraçadas.

No caso de O homem perfeito, a história gira em torno de Melina, que mesmo após relacionamentos tenebrosos, ainda acredita que encontrará sua cara metade. O cara em questão, no entanto, está em seu passado, do qual ela fugiu na juventude sem olhar para trás. E, agora, a descoberta sua meio tardia quando ele está prestes a se casar com outra.

O romance é mais uma reedição moderna das atemporais histórias de princesa. Com uma princesa muito menos perfeitinha e menos passiva, é verdade, como cabe às heroínas dos chick-lits. Mas ainda assim sonhando com príncipes encantados e finais felizes.