PSYCHO PASS: MANDATORY HAPPINESS | Eu só quero é ser feliz

Psycho Pass: Mandatory Happiness é o game baseado no anime Psycho Pass. Para os que não conhecem, a animação foi lançada em 2012 e surpreendeu muita gente. Seu tema original e considerações sobre crime e sociedades perfeitas foram muito interessantes. De lá para cá a obra ganhou uma segunda temporada, OVA, série de manga e essa Visual Novel.

Eu sou fã confesso do anime, e esperava pela oportunidade de testar esse jogo que era, até então, exclusivo de PlayStation 4 e PS Vita. Será que a adaptação ficou tão boa quanto o original? Ou foi apenas mais um dos muitos casos onde criam jogos de franquias apenas para ganhar uns trocados fáceis, sem qualidade alguma? Respirem fundo, se acalmem e fiquem felizes. É hora de mais uma análise do Jornada Geek.

A sociedade (im)perfeita

Para os não iniciados, vou dar um resumão sobre a premissa do anime. Ainda que não seja obrigatório para o jogo, é bom conhecer. A trama fala de um Japão isolacionista no século XXII. Aqui, a sociedade vive em quase total harmonia e paz. O país é governado por um sistema automatizado chamado de Sybil, que comanda tudo da vida dos cidadãos. Aonde devem viver, estudar, trabalhar. Tudo.

Além disso, esse sistema consegue saber o estado mental de cada pessoa através de sua “cor”. Cores claras para cidadãos felizes e pacatos. Cores escuras para aqueles que estão em grande estresse ou dificuldades. Esses são chamados de “criminosos latentes”, e são perseguidos e presos pela polícia antes mesmo de cometerem um crime. Eles podem ser capturados ou mortos dependendo desse estado. Os que são capturados nunca mais podem se tornar cidadãos comuns.

Aqueles que são excluídos da vida civil devido ao seu estado de criminosos latentes podem ser presos ou utilizados pela polícia. Chamados de “enforcers”, eles ajudam a prevenir crimes e capturar outros na mesma situação que eles. Para isso, fazem uso de uma arma chamada Dominator, que imobiliza ou mata o alvo de acordo com a cor de seu estado mental.

Interessante, inovador e abre uma discussão pertinente sobre até onde vale a sociedade perfeita e a prevenção de crimes. Alguém pode realmente ser julgado por apenas considerar matar ou agredir alguém? Essa é uma das perguntas centrais da obra.

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A polícia busca. O sistema julga. (Fonte: Divulgação)

Uma história paralela

Achou meu resumo longo ou breve demais? Felizmente, ele realmente não é necessário para jogar e acompanhar o que acontece aqui. Além disso, o game conta com um glossário muito bem feito e informativo sobre termos e acontecimentos da série. Isso, claro, se você tiver paciência para ler muitas e muitas linhas de backstory.

Psycho Pass: Mandatory Happiness se passa durante a primeira temporada do anime. E funciona como uma história paralela à principal. Podemos experimentá-la de dois pontos de vistas diferentes: da inspetora Nadeshiko Kugatachi e do enforcer Takuma Tsurugi. Embora eles experimentem a mesma história, seus pontos de vista e personalidades fazem com que a experiência não seja exatamente a mesma.

Além disso, o jogo possui muitos caminhos diferentes para percorrer. Cada decisão pode ter ramificações inesperadas e longas, gerando acontecimentos completamente diferentes. Pessoas podem ou não se tornar criminosas. Nossos companheiros podem nos ver de maneiras diferentes. Nossa cor pode ficar “nublada” (o que é um problema no caso da Nadeshiko). Esse detalhe é pequeno, mas ajuda a imergir mais na trama.

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O novo martelo do julgamento. (Fonte: Divulgação)

Tecnicamente comum

A história, a escrita e os personagens estão bem feitos. Porque, do ponto de vista técnico, Psycho Pass: Mandatory Happiness deixa bem a desejar. Muitas visual novels tem tentado mudar a fórmula hoje em dia. QTE’S, lutas como em Blazblue Central Fiction, uma exploração leve. Sempre tem algo de novo para deixar a experiência fresca.

Aqui, não temos nada do tipo. Nem a arte do jogo é algo demais. Não temos openings, aberturas, nada. Isso é um grande negativo, e tira muito do charme do jogo. Embora as imagem sejam funcionais e dentro do estilo visual do anime, elas não fazem nada para empolgar nem atrair muito nossa atenção. Um ponto ruim, e um passo atrás em relação à concorrência.

Como eu disse, pelo menos temos vários caminhos e um sistema que nos permite ver os pontos críticos da história, bem como suas escolhas. Isso ajuda bem na hora de fazermos outra rota para ver como a trama pode se desenrolar. E o glossário também é bem legal, como eu citei no começo. O ponto maior é que tudo em Psycho Pass: Mandatory Happiness funciona, mas é bem sem sal.

As vozes, do contrário, ficaram excelentes. Os dubladores do anime reprisam seus papéis com maestria. Isso faz com que o game fique realmente autêntico, e faz maravilhas para agradar fãs como eu.

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A jogabilidade é arcaica. Só leitura, basicamente. (Fonte: Divulgação)

Julgamento final

Psycho Pass: Mandatory Happiness não vai quebrar barreiras nem reinventar o conceito de Visual Novel. Sendo basicamente um OVA do anime com escolhas, nada aqui ajuda a reinventar a roda. E, infelizmente, não teremos legendas para o nosso idioma. Por isso, apenas aqueles que tem um bom domínio da língua inglesa poderão aproveitar de verdade.

Mas, ainda assim, essa é uma boa pedida para fãs do anime e de boas histórias no geral. A trama é bem desenvolvida, os personagens são interessantes e tudo se sustenta sem uma necessidade grande de se ter assistido a animação. E, de quebra, conseguiu ser tão boa quanto a primeira temporada. E até melhor que a segunda. Não que isso fosse tão difícil de se fazer.

Nota ótimo

 *Review elaborado usando a versão de PC do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.