RESERVOIR DOGS: BLOODY DAYS | Ladra, mas não morde

Cães de Aluguel é um dos vários filmes consagrados de Tarantino, lançado em 1993. Contando a história de um grupo de criminosos após um crime mal sucedido, ele é um dos meus favoritos do diretor ao lado de Pulp Fiction e Django. Sendo assim, tive grandes expectativas ao ver que o IP teria uma nova vida nos videogames. Já tivemos uma adaptação na era do PS2 que tinha boas idéias, porém mal executadas. Reservoir Dogs: Bloody Days seria uma chance de redimir a franquia no mundo dos jogos e reacender o interesse pelo universo e seus personagens.

Bem… não foi bem isso que aconteceu. Saiba o porquê em mais uma review do Jornada Geek!

Bons filmes…

O jogo é baseado na franquia apenas em nomes e personagens, nada mais. Não temos reencenações das cenas clássicas nem nada do tipo. Nem vemos os personagens representados fielmente. A caracterização ficou bem meia boca, com toda história sendo contada por meio de painéis, sem dublagem, mostrando texto corrido e caricaturas de cada Mr que faz parte do elenco. Caricaturas que, diga-se de passagem, ficaram bem sem vergonha. Tudo no jogo é cartunesco demais, o que tira completamente o estilo visual e o feeling visceral que o filme original continha.

Eu sempre pego nesse ponto porque quase nunca vemos representações bem feitas de filmes em jogos, salvo uma ou outra exceção como Batman e Mad Max, por exemplo. Reservoir Dogs: Bloody Days parece usar seu pedigree apenas para conectar com fãs do longa e nada mais, visto que tirando o nome dos personagens e algumas frases de efeito nada mais foi transcrito para o jogo e nem aproveitado.

… nem sempre são bons jogos.

Reservoir Dogs não é um filme de ação, por isso nunca entendi por que de tentarem o adaptar para jogos nesse estilo. No PS2 era um shooter em terceira pessoa genérico, e esse é um dos chamados twin stick shooters, no qual controlamos o personagem com um analógico e atiramos com o outro. Tudo é bem básico, e nada impressiona o suficiente para dizermos que se destaca dos muitos outros que surgiram ao longo dos anos.

Reservoir Dogs: Bloody Days
Foto: Divulgação

Uma coisa que poderia ser uma novidade, mas foi pessimamente implementado, foi o esquema de rewind. A ação do jogo ocorre em tempo real, mas precisamos voltar o tempo em certos momentos para dar comandos ao nossos personagens. Confuso, não? Deixe-me tentar explicar melhor:

Suponha que estejamos controlamos os Blonde e Pink. Estamos roubando uma loja, e vários policiais chegam. Em um twin stick normal, sairíamos atirando feito loucos na polícia como se não houvesse amanhã. Aqui não. Os comandos devem ser dados dentro de um tempo específico, e precisamos dar o rewind para que possamos ver os comandos sendo executados por um personagem e depois o outro.

Por exemplo, enquanto eu controlo o Mr Blonde, Pink fica parado levando chumbo. Depois de fazer as primeiras ações, volto o tempo e vejo Blonde repetir todos meus comandos anteriores enquanto eu realizo as ações do Pink. Após isso, volto o tempo novamente para ver tudo acontecer. É um conceito legal na prática, mas que cansa rápido e se torna muito enfadonho com o tempo. Além disso, a inteligência artificial dos inimigos não é lá essas coisas, então não há muito desafio nos tiroteios. E, de quebra, não tem muita variedade entre as fases também. Os objetivos são sempre os mesmos, o que faz o game perder o fôlego com facilidade.

Reservoir Dogs: Bloody Days
Foto: Divulgação

Resumindo

Reservoir Dogs: Bloody Days é, infelizmente, mais uma adaptação de filmes que deixa muito a desejar. Não falo isso apenas pelo jogo ser Reservoir Dogs apenas no nome, mas também por ser um game fraco no geral. Gráficos medianos, sem dublagem, ilustrações escrachadas e fases iguais não ajudam na apresentação nem na longevidade do título. Não temos, também, uma trilha sonora de peso que ajude a levar o barco.

O sistema de volta no tempo é legal em tese, mas a aplicação também ficou devendo. Ela cansa mais que diverte, e após um certo tempo cansa e não nos motiva a continuar jogando. Particularmente, acho que esse formato de jogo seria mais bem aproveitado para mobile, onde as sessões de jogatina são menores e repetição não é um problema tão grande. Para consoles e PC acaba sendo insustentável.

O game está disponível disponível por R$ 27,99 para Windows PC e Mac, via Steam, além de Twitch Games Commerce. Há uma expectativa de que o game chegue para consoles ainda em 2017. A média do título é de 45 pontos no Metacritic.

Nota Razoável

*Review elaborado usando a versão de PC do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.