SECRET OF MANA | O remake de um clássico revolucionário

Existem alguns jogos que ficam na nossa memória. São aqueles que trazem novidades que nunca imaginávamos, unidas por uma qualidade em todos os aspectos do game que nos trazem muitas horas imersos naquele mundo. Secret of Mana foi um desses jogos. Desenvolvido pela Square Enix em 1993, que na época era apenas Squaresoft e brigava com sua concorrente e futura parceira Enix pelo posto de principal desenvolvedora de RPG’s no Japão, o título lançado para Super Nintendo foi um grande sucesso.

Com um sistema revolucionário de combate em tempo real, Secret of Mana mostrou que grandes RPG’s não precisam seguir sempre a mesma receita. Os diversos acertos do game permitiram, mais à frente, que a Square lançasse com confiança um dos maiores games da história: Chrono Trigger. É assim que jogos evoluem e fazem história. Um enredo simples e envolvente, um sistema inovador e um mundo divertido de se explorar fizeram de Secret of Mana um verdadeiro sucesso.

Sabendo disso, agora a Square Enix relança seu clássico com gráficos atualizados, áudio 5.1 com dublagem e músicas remixadas e a promessa do mesmo charme de quase 25 anos atrás. Será que ela consegue?

Mudanças nem sempre são para melhor

A primeira coisa que me incomodou de cara foi a arte. O jogo perdeu seus sprites 2D dos clássicos de 16bits para um 3D incrivelmente genérico. Em meio a cenários muito coloridos, seguindo os maiores clichés de animes, o personagem central até que recebeu bastante atenção: suas expressões faciais mudam e há um certo sombreamento em seu modelo de personagem – mas a maioria dos outros não piscam e têm tão poucos polígonos que quase não parecem estar no mesmo jogo.

Alguns deles nem sequer estão em proporção, comparados a eles mesmos e a outros personagens. Não me faz muito sentido também acrescentar voice acting aos personagens e nem fazer a boca deles mexer enquanto fala. Qualquer que seja o motivo, é uma falta de cuidado.

Secret of Mana
O protagonista Randi é um dos poucos personagens com movimento na boca. (Foto: Divulgação)

Também não são só defeitos. O mini-mapa que aparece no canto da tela usa o arte do jogo original, o que é um toque bacana. Mas tornou-se em grande parte inútil como mapa, graças ao fato de estar muito aproximado e possuir um angulo bem semelhante da tela.

Mas boas mudanças são sempre bem-vindas. Voltando ao áudio e voice acting, os sons foram muito melhorados. A adição de vozes em inglês ou japonês é uma boa também, e a execução do voice acting também é sólida. A trilha sonora remixada hora é boa e hora nem tanto, mas você pode optar por jogar com a trilha sonora original se não estiver satisfeito com a nova.

Secret of Mana
Todos os cenários do jogo foram refeitos com gráficos em 3D. (Foto: Divulgação)

Secret of Mana continua exatamente o mesmo

Você segue controlando o protagonista e seus dois companheiros na mesma missão do que no original. O jogo é praticamente uma réplica quadro a quadro de sua jornada para restaurar a Espada de Mana que você removeu da pedra por acidente e evitar o surgimento da Fortaleza de Mana.

Assim como antes, o combate é em tempo real, mas um medidor de energia que reduz a efetividade de seus ataques, caso não esteja cheio, cria uma sensação diferente a jogos como Zelda: A Link To The Past.

Secret of Mana
O título foi um dos primeiros RPGs de ação. (Foto: Divulgação)

Essa simples mecânica gera uma ação que seria um intermediário entre um RPG de ação e um de turnos. Encontros posteriores permitem maior profundidade com o acesso a várias magias e buffs.

Quem jogou o original vai se sentir em casa. Mas existe um porém: o sistema de roda de comandos, que já era um pouco incômodo no jogo de 93, envelheceu mal demais. Ele sempre foi meio confuso para mim, me levando a cometer vários erros e pausar a luta o tempo todo. Para novos jogadores ele pode ser realmente irritante com o tempo.

Secret of Mana
Medidor de energia ao centro da tela. (Foto: Divulgação)

Faltou um pouquinho de vontade da produção

Talvez o maior pecado do jogo seja sua falta de ambição. O remake de Shadow of the Colossus acabou de nos mostrar o que pode ser alcançado ao atualizar um jogo clássico. Muito mais poderia ser feito aqui, e parece que a Square Enix se contentou a entregar uma atualização de um clássico desenvolvendo-a rapidamente e com baixo custo, já esperando um retorno pequeno.

Não é nada de mais. Produtoras são empresas, empresas precisam fazer dinheiro e colocar um grande orçamento em um projeto que pode não dar muito retorno não é uma boa ideia mesmo. Mas é uma pena ver um jogo tão legal que fez parte da história da empresa receber tão pouca atenção.

No mais, Secret of Mana é um jogo bacana para se passar o tempo. Ele está disponível para PC, através da Steam, e para PlayStation 4 e PlayStation Vita. Talvez seja uma boa pedida em uma promoção, pois o valor total não corresponde à qualidade do jogo entregue.

Nota bom

O título está disponível por R$ 107,50 para PS VitaR$ 119,99  para computadores e R$ 143,50 para PS4. No Metacritic, a versão avaliada ficou com média de 62 pontos.

*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.