A WAY OUT | As definições de confiança foram atualizadas

Quando a Electronic Arts apresentou A Way Out na E3 2017, o game imediatamente me chamou atenção. Seja pela semelhança com Prison Break ou pelo fato de poder ser inteiramente jogado em modo cooperativo, eu fiquei com a imagem de que ele poderia ser um dos grandes títulos para se jogar com um amigo. E, felizmente, não me decepcionei.

Desenvolvido pela Hazelight Studios e lançado no último dia 23 para PlayStation 4Xbox One e PC, via Origin, A Way Out coloca você e um(a) amigo(a), no sofá ou online, na pele de Vincent Moretti e Leo Caruso em uma eletrizante e emocionante fuga da cadeia. Os detalhes dessa incrível história você confere agora, em mais um review do Jornada Geek!

Roteiro digno de filme

Fugir da prisão já foi tema de diversos filmes, de uma das maiores séries de todos os tempos, e de jogos de videogame. Mas pela primeira vez somos apresentados à uma narrativa tão densa, complexa e conclusiva no tema como em A Way Out. Assinado por Josef Fares, responsável pelo sucesso Brothers – A Tale of Two Sons, o jogo te permite escolher qual personagem vai controlar logo no início, apresentando às respectivas personalidades de cada um dos protagonistas.

Leo já cumpria seis meses na prisão quando Vincent deu às caras por lá. O início da relação entre ambos é confuso, como não poderia deixar de ser. Após alguns pequenos desentendimentos, ambos encontram um motivador em comum para ter um motivo para escapar e assim começa nossa história.

A Way Out
Foto: Divulgação

A Way Out, em português, significa “Uma Saída”. E é justamente isso que encontramos no game. Não se trata somente de tentativa de fugir da cadeia, mas sim, de encontrar uma saída para os problemas que ambos viviam em suas vidas, antes de se encontrarem presos.

E toda essa história fica ainda mais evidente quando você, de fato, consegue fugir da prisão. A cadeia, talvez, fosse o menor dos problemas de ambos os protagonistas. Fugir da polícia, enfrentar seus dilemas familiares e o grande vilão do game é o que coloca os dois conectados, em busca do objetivo em comum, traçado ainda dentro da prisão.

Os diferentes protagonistas

Eu joguei toda a campanha de A Way Out com um amigo. Ele escolheu Leo, enquanto eu fiquei controlando Vincent. Ao longo das sete horas que levamos para terminá-lo, pudemos notar como os dois personagens foram extremamente bem construídos, com informações sobre quem eles eram e como agem de acordo com a própria personalidade.

Leo é o estressado e encrenqueiro da dupla, que sempre tenta arrumar confusão em suas atitudes. Vincent é mais cometido, controlador, que tenta buscar mais o diálogo e que evita o confronto. Em diversas vezes, você e o seu companheiro de jogatina precisarão optar por qual decisão tomar entre as duas disponíveis: o estilo briguento de Leo, ou o apaziguador de Vincent. Qual delas é o melhor caminho? Mas você não vai decidir sozinho. Para ir por um caminho, ambos os amigos precisam concordar.

A Way Out
Foto: Divulgação

Nesses pontos chaves, é notável como Vincent usa bem as palavras, e como Leo tende a criar o caos quando optamos pelas suas atitudes. Tá, em diversos momentos criar uma confusão parecia o melhor caminho e fizemos isso por diversas vezes. Mas quando você precisa decidir se amarra um casal de velhos, ou se vai colocá-los para correr atrás de cavalos, acho que a decisão se toma sozinha…

Não é só a tela dividida

A Way Out é jogado inteiramente com a tela dividida, seja online ou cooperativo local. E você e o seu amigo vão entender bem o porquê precisam confiar um no outro para a jogatina correr como o planejado. Como eu falei acima, é preciso que as decisões sejam tomadas em consenso, mas não só delas vive o game.

O game também traz diversos puzzles e mini games que só podem ser jogados com a ajuda do seu amigo. Na própria jogabilidade, é preciso que os companheiros se ajudem para roubar e esconder uma chave de fenda na cadeia, subir por um muro ou saltar de uma ponte. Até mesmo fora da cadeia, quando é preciso desviar de tiros, o seu amigo é fundamental ao te defender.

A Way Out
Foto: Divulgação

O game também traz diversos momentos de tensão ao longo da fuga, com o clímax guardado para o final. Essa variância deixa a experiência ainda melhor, afinal, será mesmo que a confiança ali construída é tão importante para ambos os personagens, ou há algo a mais escondido nessa história?

Cooperativo até para quem não compra

A Way Out é um título que deve ser jogado, obrigatoriamente, por duas pessoas. Não existe singleplayer. Acho que, se você chegou até aqui na minha análise, já entendeu o motivo. Mas para jogar com um amigo online, não são necessárias duas cópias. O game tem um “Passe de Amigo”, que na verdade, permite que os donos do jogo convidem um jogador qualquer da lista de amigos da plataforma específica para jogar o jogo inteiramente de graça.

Funciona assim: tanto na PlayStation Network, quanto na Live e na Origin, A Way Out recebeu uma versão demo. Ela pode ser baixada gratuitamente e traz o jogo completo. Mas só pode ser acessada mediante o convite de quem possuí o game original instalado. Isso funcionou perfeitamente pra mim, mas é bom ressaltar que a única exigência é que ambos os jogadores sejam assinantes PlayStation Plus ou Xbox Live Gold.

A Way Out
Foto: Divulgação

Fuga do tradicional

A Way Out foi uma grata surpresa em 2018. Mesmo que eu tenha criado uma expectativa grande pelo título, por motivos pessoais, ainda assim a obra da Hazelight conseguiu me surpreender, principalmente pelo final. A jogabilidade em tela dividida e as decisões tomadas em conjunto mostram que há um caminho nesse mercado para jogos que pensem fora da caixa, como foi o caso aqui. E A Way Out entregou aquilo que prometeu, sem exageros ou decepções para os jogadores. Sem dúvida, um dos grandes jogos do ano.

Nota Surpreendente

O excelente game de ação está disponível para PlayStation 4 e Xbox One, em formato físico e digital, e para PC, somente via Origin. No Metacritic, o game alcançou a média de 81 pontos.

*Review elaborado usando a versão de PS4 do jogo. Cópia fornecida pela desenvolvedora.

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem PS4, PSVR e PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, Red Dead Redemption 2 e The Last of Us completam o Top-5.