O FRANCO-ATIRADOR | CRÍTICA

Classificação:

Regular

20150512-o-franco-atirador-posterSean Penn já virou um mito em Hollywood, tanto pelas suas atuações que já lhe renderam dois Oscars da Academia (melhor ator por Sobre Meninos e Lobos em 2004 e Milk em 2009), quanto como diretor, que eternizou pérolas cults como o excelente Na Natureza Selvagem (2006). Porém, de uns anos para cá encarou papéis com pouco destaque, mas, ainda assim, foi o suficiente para salvar filmes como Caça aos Gângsteres (2012) e Aqui é o meu Lugar (2011) de serem totalmente dispensáveis. Porém, nem seu talento e presença de cena conseguem dar identidade a O Franco-Atirador, uma ação desenfreada, com muitos tiros, explosões, mas que não mostra nada que outros do gênero já tenham feito, e com um resultado menos satisfatório.

Penn dá vida a Jim Terrier, um matador de aluguel que é responsável pelo assassinato de um político da República Democrática do Congo, em 2006. Depois de fazer o serviço ele é obrigado a desaparecer e deixar para trás a namorada Annie (Jasmine Trinca) sob os cuidados de um de seus companheiros, o cabeça da operação Felix (Javier Bardem). Depois de oito anos, Jim sofre um atentado, e decide ir atrás de seus ex-companheiros para tentar descobrir o motivo. Porém, ele vai descobrir que alguns aliados já não são mais de tanta confiança.

É estranho ver Sean Penn em um filme de ação, mas talvez seja apenas uma forma de experimentar e sair do lugar comum. Entretanto, ele estava com tanta vontade de estrelar algo do gênero que assinou o roteiro junto com Pete Travis, à partir da obra de Jean-Patrick Manchette, e, dessa vez, acabou errando a mão. O filme é rocambolesco, um recorte de outra infinidade do mesmo tipo que são lançados todos os anos, estrelado por Jason Statham e Liam Neeson. A trama até começa bem, com uma questão moral delineando a psique do personagem de Penn, porém, depois que o se transporta para o tempo atual, tudo se perde e entra em um rumo trivial, incessante e chato.

Em meio aos combates de Jim com os assassinos que o perseguem, é reinserido o interesse romântico (mas para quê isso tem de ser uma regra?) e um problema de saúde para deixar as coisas mais tensas. Porém, os mesmos artifícios já são conhecidos, e acabam ficando sem sentido em meio à brutalidade das cenas. A diferença deste O Franco-Atirador para o resto de filmes de mesma característica é o envolvimento de Penn, pois, sendo ele uma figura que acumula tantas glórias no meio cinematográfico, já eleva no público uma expectativa fora do normal, diferente de Neeson e Statham, onde se vê o que se espera ver.

A direção de Pierre Morel não é ruim, mas praticamente se sustenta nas mesmas bases que o fez notável com o bom Cão de Briga (2005) e conseguiu o estrelato com o cultuado por fãs do gênero Busca Implacável (2008). Talvez tenha tentado algo diferente quando o personagem de Penn mergulha em seus próprios demônios, resultando em ataques de pânico, mas, é muito pouco para causar qualquer tipo de singularidade. Além disso, não soube explorar o pouco tempo em que tinha Bardem em cena, o fez caricato, e insignificante, um desperdício ainda mais quando se lembra o que ele foi capaz no excepcional 007 – Operação Skyfaal (2012).

Depois de tantos projetos acertados, personagens inesquecíveis e prêmios na estante, Sean Penn experimenta algo a qual não está acostumado, o fracasso. Desta vez, nem sua presença de cena fora de série é capaz de elevar a qualidade de O Franco-Atirador. Tudo bem que foi uma coisa pessoal, uma vontade de experimentar algo novo, colocar mais um gênero em seu currículo, mas, convenhamos que o ator e diretor tem de voltar a fazer o que sabe de melhor: ser brilhante!

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